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Auto-Escritor

"Amanhã tenho que passar na editora". São mais ou menos essas as palavras de Paulo, personagem de Carlos Heitor Cony, no livro "Pessach, A Travessia". Um escritor tendo um escritor como personagem é quase metalinguagem.  Mas frase veio recorrentemente à minha mente neste final de 2018.  Um motivo era que a Editora Metamorfose me pediu para retirar os volumes a que teria direito, por conta da antologia "Palavras de Quinta", publicada num sistema de compartilhamento de custos.  Quase simultaneamente, tinham acabado os volumes que eu tinha comigo, de outra antologia em que participei, a "Santa Sede 7, Crônicas de Botequim" (2016) , e entrei em contato com a Editora Buqui, para adquirir mais, já que os autores participantes da antologia podem comprá-los com um bom desconto.  E, de repente, no meio dessas necessidades, acabei realmente por me sentir um escritor. Alguém que já teve textos publicados em livro. Foram três antologias até agora. A

Diário – cinema – Duna 2

Após mais de dois anos, pude assistir a continuação de Duna , essa saga de ficção científica, baseada nos livros de Frank Herbert.  De fato, o filme é um pouco mais do mesmo, isto é, do filme anterior, com suas viagens espaciais, suas ordens religiosas, sua estrutura que me lembra o medievo europeu. Um pouco de jornada do herói para o protagonista Paul Atreides, um pouco de papel de messias indeciso também para ele – a religião tem papel importante naquela sociedade. E neste filme, com um pouco mais de ação.  Paul Atreides é totalmente incorporado ao exército fremen em sua resistência à exploração que a casa de Harkonen faz da mineração da especiaria, que está no solo do planeta Arrakis. E ali vai assumindo um papel de liderança.  Sobre a especiaria e outra substância que aparece no filme, fiquei pensando que essa humanidade imaginada por Herbert, Jon Spaihts e Denis Villeneuve, centenas de anos no futuro ainda precisa de drogas para viver.  Apesar de longo, com quase três horas de dur

Cara Maria – XIV

Cara Maria, Faz três semanas que não escrevo crônicas para o meu blogue.  A cada semana estão lá as palavras que usei para me referir a mim mesmo nesses dias: na primeira semana confuso; na segunda semana atrapalhado; por fim, na terceira semana bloqueado.  O último texto publicado, em 13 de fevereiro passado , era sobre um velho relógio que pertenceu ao meu pai. Meu pai falecido há 34 anos.  Naquele texto eu tive vontade de falar ao fantasma do meu pai sobre a floração das extremosas. Em fevereiro ainda havia uma floração exuberante nessas arvorezinhas. Mas acabei não falando das plantas com flores cor de rosa, por mais que eu quisesse. Não parecia fazer muito sentido naquele texto. E agora as extremosas estão perdendo suas florezinhas. O outono vem chegando.  Acho que a minha confusão, a minha atrapalhação, e o meu bloqueio acontecem porque estou prestando atenção demais ao ataque de retaliação de Israel à Faixa de Gaza. Trinta mil mortos (e contando) é gente demais. É 1,3% da popula

Diário – cinema – Ferrari

No domingo, 25 de fevereiro de 2024, estive em um cinema para assistir ao filme Ferrari.  É até engraçado que um nome tão forte, em relação ao automobilismo – podemos pensar na equipe de Fórmula 1, ou nos automóveis de luxo da marca – aborde um pequeno período de uma parte do ano de 1957 na vida no criador da marca, o “commendatore” Enzo Ferrari. Junto com ele, sua esposa Laura, sua amante Lina, e seu filho, fruto do relacionamento com Lina, Piero.  Nesse momento, 1957, a marca de automóveis esportivos de luxo passava por dificuldades financeiras. Para tentar superar os problemas Enzo Ferrari pensa em vender parte da empresa para uma montadora de automóveis maior, e também em vencer a “Mille Miglia”, tradicional competição automobilística pelas ruas e estradas da Itália.  Os papéis de Enzo e Lina são muito bem interpretados por Adam Driver e Shailene Woodley. Penélope Cruz se sai bem com sua Laura, mas me deu a impressão de uma personagem caricatural, sempre de cara amarrada, olheiras,

Diário – leituras – Caro Michele

Caro Michele é um curto romance de Natalia Ginzburg, escritora italiana nascida em 1916 e falecida em 1991. Foi publicado originalmente em 1973. A edição brasileira que li é da Editora Paz e Terra, de 1986, com tradução de Federico Mengozzi. Há edições brasileiras mais recentes.  Resolvi ler este livro porque o título me inspirou a escrever crônicas mensagens. Primeiro para minha amiga Maria, a quem já dediquei treze textos. Depois para minha amiga Carol, com dois textos.  Nos últimos tempos tenho lido mais de um livro simultaneamente. No momento, leio as memórias de Bono, do U2 (Surrender); o romance Saraminda, de José Sarney; a coletânea de contos de Nelson Ribas, chamada Arrabaldes; e um volume da coletânea de crônicas de viagens, de Cecília Meireles, cujo nome é, bem, Crônicas de Viagem 1. Conforme a justificativa do parágrafo anterior, Caro Michele acabou entrando na frente dos outros livros, e a prosa de Ginzburg me envolveu. Foi difícil largar o livro antes de chegar ao seu fina

05/03/2024: sem publicação de crônica

O blogueiro metido a cronista está se sentindo bloqueado.  Ele tem esperanças de, se tudo der certo, publicar uma nova crônica  em 12 de março de 2024.

Diário – leituras – Horas íntimas: Master Class Santa Sede para Vinicius de Moraes

A gente lê uma obra e diz para si mesmo que daqui a pouco vai escrever alguma anotação a respeito. Quando vê, já se passou quase meio ano desde o final da leitura. Foi o que aconteceu comigo com o livro Horas íntimas: Master Class Santa Sede para Vinicius de Moraes. Eu adquiri o livro no seu lançamento, perto do final de 2021. Terminei de lê-lo perto do final de 2023 (e aqui um esclarecimento: eu não comecei a lê-lo imediatamente após a aquisição. Houve um bom espaço de tempo em que ele ficou na fila à espera de leitura). Estou escrevendo no final de fevereiro de 2024.  Horas íntimas é mais um livro produzido pela Oficina Literária Santa Sede, em suas masterclasses (e me dou conta aqui que costumo escrever “masterclass” assim, tudo junto, e aqui no título está “Master Class”, separado e com maiúsculas), que anualmente homenageiam cronistas.  Horas íntimas tem certas peculiaridades.  Como Vinicius é muito mais conhecido como poeta, inclusive tinha o apelido de Poetinha, este livro tem p

Diário – cinema – Nosso Lar 2: Os Mensageiros

No início deste mês de fevereiro de 2024 que vai findando, estive em uma sala de cinema para assistir ao filme Nosso Lar 2: Os Mensageiros. Trata-se de uma obra de temática religiosa espírita kardecista, na qual alguns espíritos liderados por Aniceto, interpretado por Edson Celulari, engajam-se em projetos para melhorar o mundo e fazer o bem. Aniceto é um espírito evoluído já alcançou tal grau de maturidade espiritual que não necessita mais reencarnar.  O filme não me parece ter um enredo propriamente dito, mas um sequência de esquetes que podem, ou não, mostrar aspectos da doutrina espírita kardecista para os espectadores. Há momentos para exaltação de obras de caridade, há momentos para valorizar o poder do perdão, momentos para mostrar força na crença da evolução das pessoas, ou seja dos espíritos, etc.  Além disso, na minha opinião, há um outro problema, relacionado à religião: em muitas cenas, os atores parecem estar mais discursando que atuando, sendo que, sempre na minha opinião