O Discurso do Rei

O Discurso do Rei



O filme O Discurso do Rei começa com uma cena bastante perturbadora: em 1925, no encerramento de um evento no estádio de Wembley, o príncipe Albert é incapaz de fazer um discurso, que também seria transmitido via rádio para todo o Reino Unido (e, talvez, por ondas curtas, para todo o Império Britânico).

E a gagueira do príncipe, e a busca por uma cura, é o que nos conduzirá por todo o filme.

Nessa busca por cura, a esposa de Albert, Elizabeth encontra o terapeuta Lionel Logue. Logue ajudará Albert ao longo do tempo. E o filme aborda, obviamente os eventos no decorrer dos anos 1930.

Estes eventos são: a morte do Rei George V; a ascensão do Rei Edward VIII, irmão mais velho de Albert, ao trono; a crise gerada pelo desejo de Edward de se casar com Wallis Simpson, uma cidadã dos Estados Unidos, e que ainda por cima era divorciada (divorciada por duas vezes. Não era de se esperar que o Rei, chefe da Igreja da Inglaterra pudesse casar com uma mulher divorciada. Pelo menos não nos anos 1930). Por conta disso, acontece a renúncia de Edward, e a ascensão de Albert ao trono, com o título de George VI.

Lionel acompanhará Albert ao longo de tudo isso, e será um apoio inestimável para que o príncipe, e posterior rei, supere sua limitação. E entre os dois homens acabará por se formar uma forte amizade.

Albert, o Rei George VI, é o pai da atual Rainha Elizabeth, avô do Príncipe Charles, e bisavô do Príncipe William, que deve se casar com Kate Middleton. Ele reinou no Reino Unido e no Império Britânico durante a Segunda Guerra Mundial. Também reinou durante o desmanche do Império, com a independência da Índia, e o fim do Mandato sobre a Palestina.

Contudo o argumento do filme também incomoda um pouco. Assim, um dos filhos do Rei George V, o príncipe Albert, segundo na linha sucessória do Império Britânico (um império que, como informa o filme, tornava súditos do imperador um terço da população da Terra) é uma vítima. O rigor por parte do pai, o distanciamento afetivo por parte da mãe, e os maus-tratos infligidos pela babá fizeram com que o príncipe fosse incapaz de desempenhar a contento suas funções, isto é, ser um representante da corte, e fazer discursos em momentos em que algum representante da coroa devesse se fazer presente.

Muito bem. O príncipe britânico tinha um problema de fala, e isso o atormentava.
Mas a vida de um príncipe britânico não tem glamour? Não tem lazer? Será que a sua gagueira tornava a vida do príncipe pior que a de um operário de Liverpool, ou de um camponês de Calcutá (ambos súditos do príncipe)?

Colin Firth e Geoffrey Rush desempenham muito bem os seus papéis, bem como Helena Bonham-Carter, mas me parece que há algo fora do lugar nesta história.




08/03/2011.

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