Diário – leituras - “Para toda obra”, o perfil de Nelson Jobim na revista Piauí de agosto/2011


Diário – leituras - “Para toda obra”, o perfil de Nelson Jobim na revista Piauí de agosto/2011

Recentemente li o perfil traçado por Consuelo Dieguez na Piauí de agosto.

Segundo o noticiário, o então ministro da defesa acabou caindo porque neste perfil teria feito observações não muito lisonjeiras a respeito de duas colegas de ministério. De fato em seu perfil está declarado que em certo momento Jobim teria dito que Ideli Salvatti, ministra das relações institucionais era “fraquinha”, e Gleisi Hoffmann, ministra da casa civil, “não conhecia Brasília”, que eu imagino que signifique que ela não conheça as pessoas de Brasília, e não tenha os contatos que talvez Nelson Jobim imaginasse que uma ministra da casa civil deveria ter.

Com isso se tornou um caso notório de um ministro que caiu porque falou demais.

Antes do perfil publicado na Piauí, Nelson Jobim já tinha causado estranhamento ao declarar publicamente que havia votado em José Serra em 2010. Ele que era ministro de Lula, e continuou ministro sob Dilma, que vencera José Serra na eleição. As razões que Jobim expôs para ter votado em Serra são compreensíveis, foram companheiros de apartamento durante a Assembleia Constituinte (1987-1988) e se tornaram bons amigos. Estranho foi ter revelado o voto, servindo a um governo que havia derrotado Serra.

Além disso, durante comemoração do aniversário de 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem ele também havia servido como ministro, no caso da justiça, e por quem foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal, fez declarações dúbias sobre “idiotas que perderam a modéstia”. Outro estranhamento causado, do qual Jobim tentou se livrar acusando a imprensa.

Pessoalmente eu achava que Nelson Jobim não deveria ter sido mantido ministro sob o governo Dilma. Me parecia um tucano aninhado no governo errado. Se sua nomeação para a defesa parecia esperteza de Lula, em determinado momento de seu governo, não parecia que havia necessidade de sua manutenção com a presidente Dilma.

Dito tudo isso, o perfil que sai da reportagem de Consuelo Dieguez é de um ministro aparentemente eficiente. Deu um jeito no problema do chamado “caos aéreo”, com o qual a grande imprensa brasileira se levantava contra o governo Lula, e depois disso tentava fazer o que se poderia esperar de um ministro da defesa: criar um sentido de missão para as forças armadas brasileiras no atual quadro político mundial; discutir um certo “planejamento estratégico”, em torno do qual elas deveriam se estruturar; fornecer equipamento moderno às forças; e, princípio tão prezado pelos militares, manter a disciplina.

Como foi dito, parecia um ministro eficiente. Pena que foi boca grande.




30/08/2011.

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