Insensatez


Insensatez




Eu estava mostrando para alguns colegas alguns dos livros que eu havia comprado na 57ª edição da Feira do Livro. Nada muito especial. Algumas pechinchas garimpadas nos balaios da Feira. Trabalhar vizinho à Feira tanto podia ser uma bênção, quanto uma maldição, e já volto a falar sobre isso.
Uma colega, vendo os livros recém adquiridos, me interpelou:
- Mas tu já não tens livros que ainda não leste em casa?
- Tenho. - Respondi.
- Eles já não são em grande número?
- São.
- Então? Por que comprar mais livros?
- Estupidez! - Respondi prontamente.
O grupo de colegas, que estava olhando os livros, riu.
- Insensatez. - Continuei. - Idiotice. Ou talvez vontade de viver para sempre, o que me daria a certeza de conseguir ter tempo para ler todos os livros que eu havia acumulado.
Verdade. Tenho uma biblioteca que está tomando conta do imóvel que habito. De fato, os livros estão a querer expulsar os habitantes do imóvel. Também costumo dizer, como chiste, que estou conduzindo um experimento científico. O experimento científico consiste em saber quantos livros é possível acumular antes que o prédio em que moro venha a ruir. Tempos atrás eu ouvi falar que o novo prédio do Tribunal de Justiça aqui de Porto Alegre tinha sido ou mal calculado, ou calculado segundo algum tipo de economia, de tal forma que foi aconselhado aos magistrados que não trouxessem suas bibliotecas para o novo prédio, pois ele correria o risco de ruir.
Somos acostumados a pensar em livros como uma bênção. Os associamos à educação, formação moral, formação sentimental, etc. Eventualmente, se não tivermos espaço suficiente, podem se tornar em uma espécie de maldição. Se não isso, pelo menos um fardo bastante difícil de guardar ou de carregar.






07/11/2011.









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