Diário - leituras - 1822, de Laurentino Gomes


Diário - leituras - 1822, de Laurentino Gomes


Depois de ter feito sucesso com o livro “1808”, onde narra a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil por ocasião das Guerras Napoleônicas, no início do século XIX, e de como esse evento contribuiu para colocar o Brasil numa trilha através do qual o país se tornaria independente, Laurentino Gomes usa novo livro para falar sobre a Independência do Brasil.


O livro “1822” fala sobre isso.


Fala sobre como o Brasil se tornou independente mais por conflitos intestinos entre a elite portuguesa, que por iniciativas nativas da elite daqui. Isto é, os ventos liberais que geraram as chamadas Cortes Portuguesas, fizeram com que essa assembleia parlamentar quisesse retroceder as instituições que haviam sido criadas por aqui, a partir de 1808: um autogoverno e a regência do príncipe Dom Pedro, o fim do monopólio de comércio com a metrópole (isto é, Portugal). O Brasil deveria voltar a ser uma colônia controlada por e de Portugal.


Depois de tudo o que havia acontecido desde 1808 isso não era mais possível.


As elites brasileiras se acercaram de Dom Pedro, que foi nomeado “protetor do Brasil”, e, por fim, imperador, como acabou acontecendo em setembro de 1822.


Laurentino Gomes relembra os fatos que quem prestou atenção nos estudos de ensino fundamental sabe: o papel de Dom Pedro, a atuação de José Bonifácio, a atuação do Almirante Cochrane para submeter focos de resistência portuguesa, como na Bahia e nas províncias do Norte, e as rebeliões republicanas, como a Confederação do Equador.


Claro, e faz mais que isso. Mostra como houve longa resistência armada na Bahia, só vencida em julho de 1823, quase um ano depois do 7 de setembro de 1822. Mostra como brasileiros morreram lutando contra portugueses no Piauí.


Sobre o Almirante Cochrane mostra que este comandante britânico, mesmo tendo sido considerado um herói ao vencer as tropas portuguesas na Bahia, comportou-se como um corsário, ao saquear a cidade de São Luís do Maranhão, e é desprezado até hoje pela população de lá.


Fala da Imperatriz Leopoldina, de como ela foi importante para a causa da independência, e depois passou a ser cada vez mais desprezada e humilhada por Dom Pedro I, tendo morrido possivelmente de depressão, em decorrência das humilhações sofridas, tendo inclusive Dom Pedro nomeado Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, amante de Dom Pedro, como dama de honra da imperatriz.


Por fim ainda mostra o papel de Dom Pedro nas lutas contra uma restauração absolutista em Portugal, após ter renunciado ao trono brasileiro, em 1831.


Dom Pedro I do Brasil, ou Dom Pedro IV de Portugal, faleceu afinal, aos 34 anos em Portugal.
O livro é bem escrito, e correto historicamente.


Contudo, o livro me passou um certo sentimento de burocracia. Depois de ler o livro “1808” do mesmo autor, parece que este outro, “1822”, foi escrito sem a mesma vivacidade do anterior, mais ou menos como se o autor após um sucesso, tivesse uma certa obrigação de escrever de novo, e fizesse isso, “para cumprir tabela”, sem o mesmo empenho e empolgação.


Mas pode ser só impressão minha.


GOMES, Laurentino. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

08/04/2012.


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