Amaral de Souza (1929-2012)


Amaral de Souza (1929-2012)

Vez por outra somos surpreeendidos por notícias de falecimento de pessoas que fizeram parte da esfera pública, mas se retiraram para uma vida privada após algum tempo. Nesta quarta-feira, 13 de junho, faleceu o ex-governador Amaral de Souza.
Ele governou o estado do Rio Grande do Sul entre 1979 e 1982. Foi o último administrador do estado nomeado pela ditadura militar (1964-1985).
No período em que ele foi governador aconteceu a anistia imposta pelo presidente-general João Figueiredo, validada por um Congresso com deputados da oposição cassados, e senadores biônicos nomeados pelo general-presidente Geisel.
Eu me lembro da primeira greve de professores que vivi então. Eu devia estar pela sexta série do primeiro grau (acho que é o equivalete à atual  sétima série do ensino fundamental). Foi organizada pelo sindicato dos professores de então, que viria a dar origem ao atual CPERS, o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul. A greve foi um tanto surpreendente, e na volta às aulas algumas professoras agradeceram o apoio dos alunos.
Nos estertores da ditadura, os trabalhadores do país começavam a redescobrir a liberdade de organizar-se e poder reivindicar. Mas convém lembrar que na greve dos bancários daquele ano de 1979, o então presidente do sindicato dos bancários, Olívio Dutra, acabaria preso, em decorrência da greve.
O jornal Zero Hora traça para Amaral de Souza, o perfil de um conciliador. O Correio do Povo foi sucinto no seu noticiário e não chegou a traçar um perfil político, apenas lembrando o ex-governador em um pequeno perfil, com menos de 15 linhas. Talvez esse perfil sucinto no Correio do Povo, seja devido a uma certa relação tensa entre o governador e o proprietário do jornal, Breno Caldas, naquela época. Mas eu posso estar enganado...
Também, se não estou enganado, o Banco do Estado do Rio Grande do Sul enfrentou momentos de dificuldades por aqueles tempos.
Ainda promoveu a destruição dos arquivos do DOPS, a divisão política da polícia civil do estado. Talvez um gesto para proteger alguns de seus agentes, além de uma perda para os historiadores.
Foi durante o governo de Amaral de Souza que tive meu primeiro emprego formal. Como office-boy num montepio, o que hoje equivaleria a uma empresa de previdência privada, se bem que naqueles tempos, esse tipo de empreendimento fornecia muito menos garantias aos seus clientes.
O sucessor de Amaral de Souza foi Jair Soares. Jair Soares pertencia ao PDS, Partido Democrático Social, o sucessor da ARENA (Aliança Renovadora Nacional), o partido da sustentação política da ditadura militar. Jair Soares foi eleito com menos de 50% dos votos. Naquele tempo, não havia dois turnos de eleição, e uma reforma eleitoral havia gerado a divisão da oposição, que concorreu com três candidatos diferentes.
O noticiário informou que Amaral de Souza tinha a saúde bastante debilitada desde que sofreu um AVC há seis anos.


14/06/2012.


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