Diário - leituras - Vício Inerente


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Os universos criados por Thomas Pynchon são estranhos para alguém careta como eu. Eu já havia entrado em contato com esse universo ao ler outra obra dele, “Vineland”, faz alguns anos. E aqui estou eu de novo por insistência de um amigo que é fã dele.
O personagem principal é Lawrence “Larry Doc” Sportello, um detetive particular hippie, que trabalha na Grande Los Angeles. O tempo não é claramente definido, mas eu especulo que fique entre 1969 e 1970. Ele fala no “governador Ronald Reagan” e no “presidente Nixon”.
A história começa quando uma ex-namorada dele, Shasta, pede que ele investigue uma certa conspiração: ela se tornou amante de um empresário especulador imobiliário da cidade, mas a esposa desse especulador e o amante dela, da esposa, a convidaram, Shasta, para participar do sequestro do tal empresário.
A partir daí, Larry vai investigar o que sua ex-namorada afirmou, em meio ao sumiço do empresário, e da própria ex-namorada.
Nesse universo, Larry está constantemente fechando e fumando um baseado de maconha, o que faz com que ele tenha que anotar muitos detalhes de suas investigações, pois o consumo do tóxico lhe dá constantes lapsos de memória.
Larry meio é perseguido, meio colabora com “Pé-Grande” Bjornsen, um policial truculento e corrupto, de Los Angeles.
Nessa Califórnia do final dos anos 1960, início dos 1970, há coisas que não estamos acostumados a pensar. Casas de massagens suspeitas; surfistas maconheiros; bandas “indies” traficantes; pequenos traficantes de qualquer droga que se procure, tais como heroína ou LSD; tropas de assalto paramilitares protegidas pela polícia; gangues de motoqueiros que prestam serviço como segurança privada. Enfim, uns grupos humanos dos quais eu não costumo ouvir falar muito...
E se os anos 1960 foram os anos da revolução sexual, vez por outra, os personagens do livro seguem seus instintos, cedendo ao desejo, eventualmente com muito pouco romantismo, mas faz parte desse universo.
E a história é criativa. Há algumas reviravoltas na trama. E o final pode ser bem surpreendente. Ou seja, além de um detetive hippie, um policial truculento e drogas ilícitas, há criatividade na história.
Fãs de Pynchon hão de apreciar. Quem não conhece, vai ter que ler para conferir se vai gostar.


PYNCHON, Thomas. Vício inerente. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.


17/06/2012.


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