Diário – leituras – Leituras sobre Cultura Japonesa


Diário – leituras – Leituras sobre Cultura Japonesa



Quando eu era criança, eu assistia a “Speed Racer” e a “Ultraman”. Também devo ter assistido a algum filme do Godzilla, do qual não me lembro mais nada.

Depois de me tornar pai, assisti junto com meu filho a “Dragon Ball”. Assisti à animação “A Viagem de Chihiro”, que acabou por ganhar o “Oscar” de animação. E assisti a vários episódios de “Naruto”, e pretendo assistir outros mais.

O que todos esses nomes têm em comum é que foram produzidos no Japão.

Assim, posso dizer que fui fisgado pela indústria cultural japonesa, e, de alguma maneira, acabei me aproximando da cultura do Japão. Uma cultura com belezas e sutilezas, e alguns problemas também.

Para conhecer um pouco mais sobre o Japão e sua cultura li recentemente dois livros: “Japop, O Poder da Cultura Pop Japonesa”, de Cristiane Sato, e “Um Nerd no Japão”, de Héctor García. Estes livros tem em comum o interesse pelo Japão e o olhar estrangeiro sobre aquele país. Héctor García é espanhol e vive lá. Cristiane Sato é brasileira. Descendente de japoneses, mas brasileira.

Eu li primeiro o livro de Cristiane Sato. Ele esta estruturado como uma monografia sobre o que ela chama de cultura pop japonesa, e alguns chamariam de indústria cultural.

Os capítulos procuram ser temáticos, e como alguns temas são associados, como acontece com os mangás (histórias em quadrinhos tipicamente japonesas) e animês (desenhos animados), algumas vezes os assuntos se sobrepõem, ou se repetem.

Assim o livro se apresenta como um longo e ilustrado inventário da indústria cultural japonesa, listando seus maiores expoentes.

Há um capítulo para animação e quadrinhos. Destaque para o mangá “Joe de Amanhã”, ou “Ashita no Joe” no original, mangá que causou comoção no Japão quando um de seus principais personagens morreu no decorrer da trama. E fala em Ozamu Tezuka, criador do Astroboy, personagem de mangás e animês. Tezuka foi um dos pioneiros nessa área, e recebeu o título de “deus dos mangás”.

Há um capítulo para o cinema japonês e as áreas em que sua produção tem se destacado, como os filmes de samurais, ou “Chambara Eiga” em japonês; a série de filmes sobre Godzilla, o monstro criado a partir de uma mutação gerada pela radiação atômica; e, mais recentemente, os filmes de horror, como “O Chamado” e “Água Negra”, que acabaram refilmados por Hollywood.

Há um capítulo sobre música onde a autora comenta sobre a música enka, que é conhecida como a música tradicional japonesa (no mesmo sentido em que podemos pensa sobre o fado como a música tradicional de Portugal, ou o tango como música tradicional da Argentina), e a explosão do “j-pop”, a música pop-rock japonesa que ficou mais conhecida a partir das últimas décadas do século XX.

Sobre as séries de TV japonesas a autora fala dos diversos heróis que combatem todo tipo de monstro que quer dominar ou destruir a Terra, começando obviamente pelo Japão. De National Kid aos Power Rangers. Com destaque para o Ultraman.

Ultraman merece um comentário à parte. Eu assisti duas séries diferentes do Ultraman na metade dos anos 1970, e através do livro de Cristiane Sato descobri que elas foram produzidas nos anos 1960. Eu lembro de Haiata e a “cápsula beta”, que agora vim a saber que era interpretado pelo ator Susumu Kurobe, no Ultraman da “Patrulha Científica”. A Patrulha Científica era um esquadrão militar especializado em combater monstro que assolavam a Terra, ou o Japão. E lembro do Ultraman de Go e do G.A.M.. G.A.M. significa “Grupo de Ataque aos Monstros”. Mas a autora não informou o nome do ator que viveu o personagem Go. O que eu não sabia é que Ultraman continuou a ser produzido até os anos 1990, em séries de TV sempre renovadas, e em filmes de longa-metragem.

A autora aborda ainda outros tópicos: moda; miojo lámen ou macarrão instantâneo; esportes, com destaque para o beisebol; e até certas manias como a do tipo sanguíneo: muitos japoneses pesquisam tipos sanguíneos para conferir caráter das pessoas e compatibilidades ou incompatibilidades (mais ou menos como algumas pessoas pesquisam sobre astrologia). Por fim, o livro aborda até ópera e danças do Japão.

A grande ausência nesse quadro da indústria cultural são os videogames.

E a grande ausência no livro é o pouco desenvolvimento que o livro dá à história e à economia japonesas. Assim nós temos uma grande exposição da indústria cultural japonesa e pouco informação sobre o ambiente em que essa indústria cultural surgiu. Faltou esse contexto.

Por outro lado, o livro de Héctor García, “Um Nerd no Japão”, tenta mostrar um certo retrato da sociedade japonesa, a partir de um migrante que lá vive.

Nesse aspecto ele tenta dizer como interpretar certos comportamentos japoneses. Ele é abrangente, fala das tradições, das artes marciais e gueixas à cerimônia do chá.

Fala da organização familiar, dos papéis do homem e da mulher naquela sociedade.

Fala da organização do trabalho, e de como as empresas funcionam.

Por fim, também fala um pouco da cultura pop japonesa, com seus mangás, animês e música pop-rock. Mas de maneira muito mais resumida que o livro de Cristiane Sato.

No final do livro, Héctor García ainda propõe roteiros turísticos para quem pretende visitar o Japão. São roteiros bem interessantes e econômicos. De poucos dias cada um deles.

E este livro também é ricamente ilustrado, inclusive com fotos coloridas.

Esses livros nos aproximam mais do Japão. Mas ao mesmo tempo deixam evidente que há muito o que aprender sobre o “País do Sol Nascente”.




SATO, Cristiane A. Japop, O Poder da Cultura Pop Japonesa. São Paulo: NSP – Hakkosha, 2007.

GARCÍA, Héctor. Um Nerd no Japão. São Paulo: Editora JBC, 2010.



31/08/2012.


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