Hospital Independência - Ortopedia e Traumatologia

Hospital Independência - Ortopedia e Traumatologia




O Hospital Indenpendência fica, ou ficava, na Avenida Antônio de Carvalho, distante uns 300 metros da esquina da Avenida Ipiranga.
Era um hospital especializado em ortopedia e traumatologia, e, nos anos 1970, atendia pelo INAMPS, motivo pelo qual, quando a gurizada da Vila Cefer sofria algum acidente era para lá que era levado para entalar ou engessar algum membro quebrado, trincado ou destroncado. INAMPS era o antigo sistema de seguro-saúde público implementado pelo governo militar. Quem estivesse trabalhando, com carteira assinada tinha direito a tratamento médico para si, e para seus dependentes. O governo fornecia uma carteira de acesso ao atendimento que precisava ser renovada anualmente.
Eu mesmo fui atendido pelo menos duas vezes no Hospital Independência. As duas por acidente ao andar de bicicleta. Na primeira eu estava tentando aprender a andar de bicicleta, mas não consegui controlar o veículo e caí de um barranco. Eu me lembro que a mão e o braço doíam, mas eu tinha mais medo da reação de minha mãe ao ver que a camisa que eu havia colocado depois do banho ficou suja e rasgada. Felizmente nesse caso a minha mãe teve uma reação de mãe, coisa que eu não esperava. Não falou nada da roupa rasgada e suja, e queria me levar o mais rápido para um hospital.  Felizmente o pai do amigo que estava me ensinando a andar de bicicleta se prontificou a me levar no carro dele, junto com minha mãe ao hospital. Foi apenas uma luxação, mas valeu uns 15 dias de mão enfaixada.
Na outra ocasião, eu supostamente já havia aprendido a andar de bicicleta, e estava andando com a minha. Ao calcular mal uma curva, acabei caindo, e batendo com a mão no chão. Doía, mas aparentemente não parecia que nada de importante tivesse acontecido. No dia seguinte, meu pulso estava inchado e numa cor em que preto e azul se confundiam com a cor da pele. Novamente fui ao Hospital Independência, desta vez eu já era crescido o bastante para ir sozinho. Chegando lá, o diagnóstico foi de pulso quebrado. Quinze dias de tala, e outro tanto de gesso.
Minha irmã também foi tratada lá. Uma tarde ela estava com dores no braço direito e procurou atendimento no hospital. Foi diagnosticada com tenossinovite. Ela era datilógrafa, e ficou com o braço imobilizado por não um período que nem me lembro quanto foi.
Nos anos 1990 o Hostpital Independência foi comprado pela Universidade Luterana do Brasil, a ULBRA, que na época comprou o Independência e outras unidades hospitalares no Rio Grande do Sul, com isso a Ulbra queria se habilitar a oferecer um curso de medicina. Quando a ULBRA entrou em crise na metade dos anos 2000, o Independência fechou. Só recentemente foi reaberto como hospital público, atendendo pelo Sistema Único de Saúde atual, o SUS.
Mas para nós, então meninos da Vila Cefer na metade dos anos 1970 o Hospital Independência oferecia algo especial.
Era ali que os jogadores de futebol do Internacional eram tratados quando tinham algum problema mais grave de lesão.
Os médicos que atendiam no Hospital Independência deviam ser muito bons mesmo, pois naquela época o Hospital ficava quase no final do mundo. A Avenida Bento Gonçalves, depois da curva do Batalhão de Comunicações, era uma estrada que ligava Porto Alegre a Viamão, com direito a acostamento de chão batido. De mesma maneira, a Avenida Antônio de Carvalho que era como uma estrada ligando a Avenida Bento Gonçalves à Avenida Protásio Alves, também com direito à acostamento de chão batido. E a Avenida Ipiranga tinha pista única entre a Avenida Cristiano Fischer e a Avenida Antônio de Carvalho.
Mas para nós, meninos da Vila Cefer,  tudo bem.
Era comum que os atletas daquela equipe que seria a primeira gaúcha a conquistar o Campeonato Brasileiro de Futebol fossem internados para sofrerem cirurgia nos meniscos, isto é nos joelhos.
E nós íamos em grupo visitá-los e pedir autógrafos. Quem ia? Não estou certo. Possivelmente o Júlio, o Everton, o MIlton e o Jairo.
E quem nós visitamos?
Um que não esqueço foi o Paulo César Carpeggiani, que naquela época nós chamávamos apenas de Paulo César. Acho que foi pouco tempo depois do Inter ter ganho o bi-campeonato, em 1976 que ele esteve internado por lá. Eu não consigo me lembrar de quase nenhuma jogada do Carpeggiani, mas para mim ele era o gênio do time, acho que seria hoje o equivalente a um meia-armador. Acho que naquele tempo nós chamávamos de meia-esquerda a posição dele. E ele fez um gol primoroso no Fluminense em 1975, na semifinal do campeonato daquele ano.
Outro que passou por um dos leitos do Hospital Independência foi o Cláudio Duarte. Naquela época ele era lateral-direito do Internacional. Também internado por conta dos meniscos.
E teve também o Caçapava, que jogava no meio-campo. Acho que hoje o chamariam de volante, mas acho que para nós a posição dele era meia-direita. Caçapava acabou encontrando uma namorada entre as meninas da Vila Cefer, e parece que o namoro se tornou casamento.
Anos depois, quando comecei a trabalhar, um colega de trabalho afirmou que o que levava tantos jogadores do Internacional a ter problemas de menisco era a grama alta do estádio Beira-Rio. O time tinha bom preparo físico, e a grama favorecia a equipe com bom condicionamento. De forma que o Inter era sempre favorito jogando no Beira-Rio. Mas isso cobrava um preço dos joelhos dos atletas. Não sei se era verdade.
Hoje tanto o Paulo César Carpeggiani, quanto Cláudio Duarte atuam como técnicos de futebol. O que aconteceu com Caçapava eu não sei.
Assim como não sei que fim levaram os autógrafos que eu havia recebido deste jogadores, que eram idolos para mim, quando eu era guri.
O prédio do Hospital Independência continua lá. Infelizmente passou muito tempo fechado. Felizmente reabriu.


17/07/2012, 29/11/2012.



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