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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Um comentário sobre “O Jogo da Amarelinha”

O “Jogo da Amarelinha” é um romance que foi escrito pelo argentino Júlio Cortázar, no início da década de 1960. Trata da história de Horácio Oliveira e sua vida, parte em Paris, como expatriado, parte em Buenos Aires. É um livro em que é possível analisar tanto conteúdo quanto forma, e ainda pensar como o autor junta isso no decorrer da obra através de um personagem chamado Morelli. Pensando em conteúdo: como foi dito, o personagem principal é Horácio Oliveira, argentino. Parte de sua história se passa em Paris, parte após seu regresso a Buenos Aires. Em torno dele gravitam os demais personagens, sendo que os mais importantes são a Maga, ou Lucía, em Paris; e Manolo Traveler, em Buenos Aires. Em Paris há sua convivência com a Maga e, em menor grau, com Pola, ambas suas amantes. E há “o Clube”, uma comunidade de pessoas, em sua maioria expatriados como Horácio. Uma comunidade que se reúne para ouvir jazz, fumar e beber vodca barata, discutir filosofia ou o sentido da vida, s

Leituras na Piauí - novembro de 2012 - A Transição, por Robert A. Caro

Leituras na Piauí - novembro de 2012 - A Transição, por Robert A. Caro “A Transição” foi o texto que mais me marcou na edição de novembro de 2012 da revista Piauí. Escrito por Robert A. Caro, narra, como o título denuncia, a transferência de poder de John F. Kennedy, para Lyndon B. Johnson, após o atentado em novembro de 1963. O texto é, na verdade, um excerto da longa biografia que Caro está escrevendo sobre o presidente Johnson. Quatro volumes já vieram à luz, e um quinto ainda deverá ser publicado. Uma obra monumental assim, teria, talvez, pouco interesse para qualquer pessoa que não fosse um cidadão dos Estados Unidos, muito interessado em História. Lyndon Johnson foi um presidente ambíguo, em grandes coisas. Ele reafirmou seu compromisso com os direitos civis dos negros no sul dos Estados Unidos (compromisso este que Kennedy já havia abraçado), colocando a Guarda Nacional a escoltar estudantes negros para lhes garantir o acesso ás universidades, antes reservadas aos brancos, e

O Início do Ano no Brasil

O Início do Ano no Brasil 13 de fevereiro, quarta-feira de cinzas. Fim do Carnaval. O bordão sempre repetido e a anedota dizem que o ano agora vai começar no Brasil. Claro que levando estas afirmações ao extremo, é possível dizer que o ano só começará de fato na próxima segunda-feira, dia 18. Eu conheço profissionais autônomos e proprietários de pequenos negócios cujas férias anuais consiste em completar a semana seguinte ao Carnaval na praia, ou outro local para o qual viajaram. É muito curioso. É como se o recesso parlamentar e o recesso do judiciário definissem todo o mundo do trabalho no país. Ou o final temporário de certos programas na televisão aberta brasileira (consigo me lembrar do Programa do Jô e do CQC). Não vale querer alegar ano letivo escolar. É como se professores só trabalhassem quando estão na sala de aula. Sim, muitos pais aproveitam as férias escolares para tirarem férias. E isso normalmente ocorre entre dezembro e fevereiro, c

Max e os Felinos, Vida de Pi, As Aventuras de Pi

Max e os Felinos, Vida de Pi, As Aventuras de Pi Depois de ter ido assistir ao filme "As Aventuras de Pi", fiquei com vontade de ler o livro de Yann Martel, no qual o filme foi baseado. Também fiquei com vontade de ler o livro "Max e os Felinos" escrito pelo saudoso Moacyr Scliar, no qual Yann Martel teria se inspirado. Houve já certa polêmica a esse respeito. A acusação mais pesada é que Yann Martel teria simplesmente plagiado a obra de Scliar. No fim, parece que ele acabou reconhecendo publicamente a "inspiração" na obra de Scliar. Sobre isso há a própria reflexão de Moacyr Scliar sobre o incidente, disponível, por exemplo, no sítio Digestivo Cultural . Seria o caso de ler estas obras para poder avaliar pessoalmente. 08/02/2013.

Diário - cinema - As Aventuras de Pi

Diário - cinema - As Aventuras de Pi "As Aventuras de Pi" ("Life of Pi") é uma produção americana de 2012, com imagens maravilhosas e inefáveis. A princípio seria só isso que eu diria. Também diria para admirar Richard Parker, o tigre com que o ator Suraj Sharma contracena. Seria suficiente. Mas há mais. Pi, ou como se pronúncia, "Pái", em inglês, toma para si o número representado pela letra grega "pi", "3,14159...", para se livrar de seu nome original. O nome original seria "Piscine Molitor Patel". "Piscine Molitor" é o nome de uma piscina pública francesa, onde o tio de Pi uma vez nadou. Para esse tio nadador, tal piscina tinha sido a melhor em que ele já havia mergulhado e nadado. Por isso sugeriu o nome dela para o sobrinho. Isso se tornou um problema para Pi, porque a palavra francesa "piscine" soa como mijar, "pissing", em inglês, língua falada por boa parte da população indiana, incluíd

Shows de Rock como Cultos Religiosos

Shows de Rock como Cultos Religiosos Estou me convencendo que shows de rock são muito parecidos com cultos religiosos. Um culto religioso neo-pagão e agnóstico, mas ainda assim uma espécie de culto religioso, um tipo de celebração de espiritualidade onde não há um ente, como um deus, a ser celebrado. Eu uso este termo neo-pagão porque, pelo que li em algum lugar que já não me lembro mais, os cultos chamados de pagãos da Antiguidade celebravam deuses que eram como encarnações de forças naturais. Da mesma maneira, o culto como show de rock não celebra nada mais que uma certa maneira de estar no mundo, de estar vivo, e em consequência viver as contradições de se estar no mundo. Isso vale em especial mais para grupos que questionam as contradições do mundo em suas canções, que para aqueles que ficam celebrando o amor por um garoto ou garota obviamente. Assim, os membros do grupo de rock são os celebrantes, os líderes, os sacerdotes. A plateia, os fiéis. A plateia tende a vestir uma esp

Diário – filmes atrasados – Histórias Cruzadas

Diário – filmes atrasados – Histórias Cruzadas Recentemente pude assistir ao filme “Histórias Cruzadas”, cujo título original é “The Help”. O filme é baseado em romance homônimo escrito por Kathryn Stockett e retrata parte da elite econômica da cidade de Jackson, no Mississipi, no início da década de 1960, e as mulheres negras que trabalham como empregadas domésticas nas residências desta elite (a “ajuda” do título original). Um filme que retrate o sul dos Estados Unidos na década de 1960, obviamente vai falar da luta pelos direitos civis, e das formas de dominação que a maioria branca usava para manter os negros em submissão. É a mesma região que já foi retratada no filme “Mississipi em Chamas”, de 1988. Uma região e uma época em que igrejas frequentadas por negros são incendiadas, sinagogas sofrem atentados à bomba, e ativistas de direitos civis são assassinados. É para esse lugar que uma jovem chamada Skeeter, vivida pela atriz Emma Stone, volta após sua graduação no norte do paí

Diário – cinema – Detona, Ralph

Diário – cinema – Detona, Ralph “Detona Ralph” é um filme de animação produzido pelos Estúdios Disney. Está disponível em diversas versões, em 3D ou 2D, legendado ou dublado, nas salas de cinema. “Wreck-It, Ralph” é o título original desta animação, inspirada no universo dos vídeo games. Por ser inspirado no universo dos jogos eletrônicos, o filme traz muitas referências desse universo, inclusive com a incorporação de muitos personagens de jogos que estão sendo utilizados por aí. Acredito que o título “Wreck-It, Ralph” tenha a ver com o título do aparentemente ficcional jogo “Fix-It, Felix Jr.”, no qual Ralph é o antagonista, adversário do Felix Júnior do título. Na minha percepção, “wreck” soa como “réqui”, então temos a história de um vilão de um vídeo game que ganhou um filme, com dois sons de erre, em contraposição ao herói do mesmo game, com dois sons de efe. E se o verbo inglês “to wreck” serve para destruir, demolir, afundar (como em afundar um barco), o(a) tradutor(a) brasil