Diário – filmes atrasados – Histórias Cruzadas


Diário – filmes atrasados – Histórias Cruzadas


Recentemente pude assistir ao filme “Histórias Cruzadas”, cujo título original é “The Help”. O filme é baseado em romance homônimo escrito por Kathryn Stockett e retrata parte da elite econômica da cidade de Jackson, no Mississipi, no início da década de 1960, e as mulheres negras que trabalham como empregadas domésticas nas residências desta elite (a “ajuda” do título original).

Um filme que retrate o sul dos Estados Unidos na década de 1960, obviamente vai falar da luta pelos direitos civis, e das formas de dominação que a maioria branca usava para manter os negros em submissão. É a mesma região que já foi retratada no filme “Mississipi em Chamas”, de 1988. Uma região e uma época em que igrejas frequentadas por negros são incendiadas, sinagogas sofrem atentados à bomba, e ativistas de direitos civis são assassinados.

É para esse lugar que uma jovem chamada Skeeter, vivida pela atriz Emma Stone, volta após sua graduação no norte do país. Ela gostaria de trabalhar em uma editora de Nova Iorque, mas precisa adquirir experiência antes. É assim que ela consegue um emprego em um jornal local. Contudo, como parte de seu projeto de trabalhar em Nova Iorque, ela é desafiada a escrever um livro que narre as histórias vividas pelas empregadas domésticas negras que trabalham nas casas da elite branca de Jackson. Seria uma oportunidade para explorar um outro lado da luta em que os negros estão envolvidos pelos seus direitos civis.

A princípio a única empregada que se dispõe a falar é Aibileen, interpretada otimamente por Viola Davis. Ela trabalha para uma antiga amiga de infância de Skeeter, Elizabeth. Aibileen perdeu seu único filho num acidente de trabalho, onde seus empregadores brancos foram incapazes de tomar uma iniciativa para salvar a vida de um rapaz negro.

Ao mesmo tempo Skeeter entra em conflito com sua própria família por não saber o que aconteceu com a empregada que havia ajudado a criar a própria Skeeter, Constantine.

Mas quem da fato “rouba a cena” é a atriz Bryce Dallas Howard, que vive a maligna Hilly, supostamente uma amiga de infância de Skeeter. Hilly é uma mulher capaz de lançar campanhas de arrecadação de doações para “crianças na África”, mas que não quer o progresso econômico dos filhos de seus empregados. Uma pessoa vingativa, que procura evitar uma nova contratação de alguma empregada que não tenha atendido a alguma demanda sua como lhe convinha.

Para dar o contexto da época, o filme coloca alguns fatos históricos, como o apoio do presidente John Kennedy às demandas pelos direitos civis, ou o assassinato de Medgar Evers, um ativista dos direitos civis (Evers pode ser visto em uma cena no qual ele aparece no noticiário de televisão convocando um boicote contra estabelecimentos comerciais de propriedade de brancos).

Destaques ainda para as atuações de Olivia Spencer para a espevitada Milly, melhor amiga de Aibileen e, a princípio, empregada de Hilly; e Jessica Chastain, como Celia Foote, a dona de casa branca, rejeitada pelas outras moças brancas da cidade por ter supostamente roubado o antigo namorado de Hilly.

A minha única restrição ao filme é que me parece difícil acreditar que a sociedade branca e segregadora desse sul dos Estados Unidos possa ser tão neurótica e disfuncional como mostrado no filme. Certamente roteirista e diretor exageraram nisso, como liberdade criativa.

Um ótimo filme. Vale ver e rever.


18/01/2013.

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