Leituras na Piauí - Junho de 2013 - Cuba com Passaporte

Leituras  na Piauí - Junho de 2013 - Cuba com Passaporte




O norte-americano Gary Indiana narra sua visão de Cuba após as reformas recentes implementadas por Raúl Castro, principalmente a possibilidade de viajar ao exterior com mais facilidade.
O interessante no texto de Gary Indiana é que ele trata a ilha e seus assuntos afins, como a comunidade de exilados, expatriados e cubanodescendentes da Flórida, com pouco do maniqueísmo que se pode ver em diversos textos, sejam a favor, ou contra o governo cubano.
O que se depreende do texto é que Gary Indiana é um viajante frequente à ilha. Morador de Nova York, também é um conhecedor de comunidade gay da Cuba. E possivelmente por conta de gays serem rejeitados tanto entre os partidários do regime (hoje bem menos que há 30 anos), como entre os anticastristas, ele consegue manter um olhar aguçado sobre a vida em Cuba. De um certo ponto de vista.
Podemos voltar então ao início. Se agora se tornou mais fácil para um cidadão cubano tirar passaporte e viajar ao exterior, sem que o governo lhe imponha dificuldades adicionais, antes, no antigo regime, chamado de “cartão branco”, entre 2000 e 2012, quase 942 mil cubanos saíram do país, e cerca de 12% destes não voltaram. E como ele diz, isso pode ser muito ou pouca gente, dependendo do que você levar em conta.
E ele informa que se a dissidente mais querida da imprensa empresarial do continente, Yoani Sahchez, havia dito em seu blog que filas homéricas se formaram diante das repartições encarregadas de emitir passaportes, Indiana informa que as coisas talvez não tenham sido exatamente assim. De qualquer maneira, não chega a ser uma nação em que as pessoas tenham muitos recursos para viajar ao exterior. Segundo Indiana, os dissidentes políticos tendem a ficar, uma vez que parece que a sociedade está mudando para facilitar a vida deles. Os que quisessem sair por desejo de progresso econômico sentem a restrição de seus próprios meios, e a maneira como os eventuais países de destino tendem a lhes tratar.
Ele também comenta sobre aspectos da vida cotidiana. Por exemplo, o racismo por parte da polícia. Ele denuncia isso ao falar de Luís, um namorado, digamos assim, que ele tem na ilha, e que é negro, pelo jeito negro bem escuro, e como ele, Luís, sofre com o racismo. Outro aspecto são os pequenos, ou talvez grande de acordo com a economia da ilha, atos de corrupção, como aquela propina para que um policial faça de conta que não viu certa transgressão. Ou gangues de pequenos vigaristas, que visam casas que hospedam turistas para os roubarem, ou que procuram flagrar e fotografar algum descuido de alguém para pequenas extorsões.
E o texto vai acabar comentando sobre a comunidade de exilados e expatriados na Flórida, que quando da queda de Batista, no final da década de 1950, recebeu os assassinos e torturadores do regime derrubado, e se tornou ninho e agente financiador de terroristas. Terroristas estes que acabaram acobertados pelo governo dos Estados Unidos. Ele os nomeia: Orlando Bosch e Luis Posada Carriles. E chama de cretina a maneira como o governo dos Estados Unidos lidou e lida com a Revolução Cubana.
“Cuba com Passaporte” é um texto sem que mostra Cuba e a relação desta com os Estados Unidos sem maniqueismos.  



10-08-2013.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poemas de Abbas Kiarostami na Piauí de Junho/2018

Bárbara Sanco partiu na Semana Santa

Sessão de Autógrafos - A Voz dos Novos Tempos