Diário - teatro - Bailei na Curva


Diário - teatro - Bailei na Curva
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Domingo passado, dia 20, fui assitir ao espetáculo "Bailei na Curva", no Teatro do Bourbon Country.
"Bailei na Curva" se transformou numa espécie de memória afetiva da cidade de Porto Alegre, sobre o período que vivemos sob a ditadura civil-militar, entre 1964 e 1985. A peça acompanha um grupo de crianças que vai crescendo ao longo dos cerca de vinte anos da ditadura.
Quando a peça inicia este grupo de crianças está em idade de alfabetização, ou nos primeiros anos do que hoje é o ensino fundamental. Quando vem o golpe, as crianças não tem aula, e ficam felizes por isso. Mas logo há as consequências. Uma das famílias, de um professor universitário, se exila. Um pai de família, um sindicalista operário, "desaparece". Mais tarde, aparece um agente do DOPS, a polícia política, digamos assim, infiltrado na universidade, como espião.
Ao longo do tempo, essas crianças vão crescendo: passam pela adolescência, os primeiros relacionamentos amorosos, o desfrute da juventude, a vida universitária, e por fim a vida adulta.
A peça se sucede mais ou menos como uma série de esquetes, humorísticas ou dramáticas dependendo do momento, em que os atores se revezam nos diversos papeis, seja como estas crianças, seja como os pais delas, ou como algum outro papel coadjuvante. Por esse caráter de sequência de esquetes, não me pareceu que a peça exija demais dos atores, embora isso não seja demérito nem para a peça, nem para os atores.
A peça usa do recurso de arquivos audiovisuais projetados no fundo do palco para ajudar a definir cada época. E tem ótima trilha sonora. Da trilha sonora, faz parte a música "Horizontes" ("Há muito tempo que ando, nas ruas de um Porto não muito alegre, ..."), de Flávio Bicca, que também se transformou em uma espécie de hino informal e sentimental da cidade.
Por fim, resta dizer que a peça já é um patrimônio imaterial da Porto Alegre, pelo menos por enquanto, sendo reencenada faz 30 anos. Uma segunda geração de atores, já sucedeu àqueles que estrearam a peça no início dos anos 1980.
Haverá ainda duas apresentações extras no próximo domingo, dia 27, no mesmo Teatro do Bourbon Country. Depois a peça se apresenta no Teatro da Feevale, e segue em turnê para Rio e São Paulo.


24/10/2013.


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