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Mostrando postagens de março, 2014

Max e os Felinos e As Aventuras de Pi - um comentário conjunto

Max e os Felinos e As Aventuras de Pi - um comentário conjunto Não sei se ainda há algo a ser dito sobre a questão das obras “Max e os Felinos”, do brasileiro Moacyr Scliar, e “As Aventuras de Pi”, do canadense Yann Martel. Depois da pŕopria narrativa de Moacyr Scliar sobre o incidente , e da reportagem do The New York Times sobre o assunto, ainda pude ler um texto de Carla Ceres , onde ela comenta o livro de Martel e cita o incidente, além de demonstrar que, se houve plágio da ideia de Scliar, por parte de Martel, o autor canadense não plagiou apenas a Moacyr Scliar, mas também Edgar Allan Poe e Herman Melville. Ceres ainda fala na Bíblia e no Bhagavad Gita. A Biblia: um navio cheio de animais cruzando o Atlântico, no caso de Scliar, ou um navio cheio de animais cruzando o Índico e o Pacífico no caso de Martel, sempre terão como base de referência a Arca de Noé. Ou Utnapshtim antes, na Epopeia de Gilgamesh. É complicada a questão do que é original ou plágio em obras d

Diário - leituras - Max e os Felinos

Diário - leituras - Max e os Felinos Li o livro "Max e os felinos" de Moacyr Scliar. Trata-se de uma novela em três capítulos, que tem por protagonista Max Schmidt. No primeiro fala de sua infância, adolescência e juventude em Berlim, no segundo de sua viagem para o Brasil fugindo de uma perseguição nazista, no terceiro fala de sua vida no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, e na serra na região de Caxias do Sul. Cada um desses capítulos vêm sob a égide de um felino, que pode ser tanto um demônio interior, quanto uma opressão que venha do exterior. Claro os significados hão de mudar, tanto quanto haja experiências de leitores que possam projetar-se dentro da história. O volume ainda incorpora a reflexão de Moacyr Scliar sobre a polêmica por conta de uma certa inspiração (na melhor hipótese) ou plágio (na pior hipótese) do escritor canadense Yann Martel ter usado a história do Scliar, na verdade o capítulo 2 desta novela, para escrever seu livro "A Vida de Pi

Diário - leituras - As Aventuras de Pi

Diário - leituras - As Aventuras de Pi Depois de ter visto o filme "As Aventuras de Pi" , versão do diretor Ang Lee, para o livro homônimo, e também motivado pela polêmica entre o livro de Yann Martel e o livro "Max e os Felinos", de Moacir Sclyar , resolvi ler o livro que deu origem ao filme. Livros e filmes são obras diferentes, mesmo que uma se baseie na outra. O filme "O Nome da Rosa" conta uma história um pouco diferente da narrada por Umberto Eco no romance homônimo. E o filme Parque dos Dinossauros é bem diferente do livro de mesmo nome, escrito por Michael Crichton, mesmo com Crichton trabalhando como roteirista para o filme. Talvez principalmente por isso. Assim, o livro de Yann Martel é um pouco diferente do filme de Ang Lee. Só um pouco. O livro pode aprofundar detalhes da religiosidade singular de Piscine Patel, com detalhes não possíveis no filme. E o livro conta mais coisas. Sem contar nos enfoques diferentes. Se o filme é u

Diário - leituras - À margem da linha

Diário - leituras - À margem da linha “À margem da linha" é uma  novela que conta a história de dois irmãos que fogem de casa à procura do pai, que abandonara a familia tempos antes. A história é narrada pelo irmão mais jovem, que, podemos pensar, está vivendo o final da infância e o início da adolescência. O tempo é indefinido, mas é um tempo em que trens são um meio de transporte importante para os subúrbios-periferias, e também um tempo em que era normal crianças vagarem de pés descalços, mesmo quando estivesse frio. O período de tempo que dura a história também é indefinido, podemos pensar em semanas ou em meses em que esses dois meninos vagam seguindo a estrada de ferro em busca de alguma localidade onde esteja vivendo o pai deles. É uma história triste, que na verdade trata das descobertas e do amadurecimento desse irmão mais jovem que vai narrando a história, contando suas desventuras e lembrando a vida difícil que tinha a família muito pobre. E é uma novela que

Luiz Gama e a Escravidão Brasileira

Luiz Gama e a Escravidão Brasileira Por conta do relativo sucesso do filme “12 Anos de Escravidão”, a Folha de São Paulo publicou textos neste sábado, 08/03, lembrando o brasileiro Luiz Gama. Nascido em 1830, na Bahia, e livre, Luiz Gama teria sido vendido pelo próprio pai no mercado de escravos em São Paulo. Tendo aprendido a ler com um hóspede de seu senhor, conseguiu os papéis que comprovariam a sua liberdade, se tornou um militante do abolicionismo, inclusive atuando em processos junto à justiça da época, apesar de não ter sido formado em Direito. O filme, levantando a questão se tais coisas teriam acontecido também no Brasil (sim, provavelmente aconteceram e em maior escala. Vieram muitos mais cativos para o Brasil, que foram para o sul dos Estados Unidos), trouxe à tona o nome do brasileiro, cujo conhecimento estava restrito aos pesquisadores de história do direito e de história da escravidão no Brasil. São pequenos textos que relembram um pouco de Luiz Ga

Diário - cinema - Clube de Compras Dallas

Diário - cinema - Clube de Compras Dallas De repente, um caubói do Texas, daqueles de frequentar rodeios, descobre que é portador do vírus do HIV. Após um colapso, seus exames demonstram que o nível de células T (células do sistema imunológico) no sangue está muito abaixo do nível de uma pessoa sem o vírus. O ano é 1985. Assim começa o filme “Clube de Compras Dallas” (“Dallas Buyers Club”, Estados Unidos, 2013). Este drama, mais um baseado em fatos reais, mostra como alguém contaminado com a doença era imediatamente estigmatizado, e associado à homossexualidade masculina. E o protagonista logo descobre isso. E mostra sua luta para tentar se manter vivo, uma vez que o diagnóstico no início do filme, prevê que ele venha a viver apenas mais 30 dias. A atuação de Matthew McConaughey, como Ron Woodroof, protagonista da história, foi de fato, digna do Oscar, que ele ganhou como melhor ator. Os 20 quilos que dizem que ele perdeu para o papel dão a ele um ar de meio acabado

Diário - cinema - 12 Anos de Escravidão

Diário - cinema - 12 Anos de Escravidão “12 Anos de Escravidão” (“12 Years a Slave”, Estados Unidos, 2013) é um filme sobre um homem negro livre do norte dos Estados Unidos, que é raptado e tornado escravo no sul escravista. O filme é baseado em livro autobiográfico de Solomon Northup, publicado no século XIX. No caso Solomon era um homem negro e livre. Trabalhava como marceneiro e violinista. Segundo o filme, o ano de seu rapto foi 1841. O filme é um retrato cru do escravismo, com seus espancamentos, chibatadas e estupros. Além disso, mostra como o escravismo era uma ameaça mesmo para os cidadãos livres, que vivessem fora dos estados onde a escravidão era praticada. Aparentemente as autoridades do norte fizeram pouco ou nada para evitar o rapto. Um negro tinha um status menor que um branco mesmo nos estados industrializados e sem escravidão do norte. Neste domingo, o filme recebeu o Oscar, como melhor filme de 2013. Apesar disso, parece que o filme não fez boa bi

31 de dezembro de 2012

31 de dezembro de 2012 No último dia de 2012, Rudolph saiu de seu apartamento próximo da Avenida Assis Brasil no zona norte de Porto Alegre, disposto a fotografar. Desde a popularização da fotografia digital no início do século XXI, ele incrementou seu gosto por fotografar. E já fazia alguns anos que ele costumava fotografar no último dia do ano. Para acrescentar certa excentricidade ao novo costume, nesse dia ele fotografava com película em lugar das muito mais populares, fáceis e baratas câmera digitais. Em anos anteriores, para aumentar a excentricidade costumava fotografar com película de uma espécie chamada APS. APS significa “Advanced Photo System”, um sistema que usava um filme um pouco menor que os triviais filmes 135, que pretendia facilitar a vida de quem fotografava com filme. Bastava colocar o cartuchinho dentro da máquina que ela “puxava” o filme até o ponto da primeira foto. O fotógrafo basicamente se preocupava em enquadrar o assunto e apertar o botão, pratica