Copa do Mundo no Brasil
Copa
do Mundo no Brasil
E chegou o início da Copa do Mundo de Futebol no
Brasil.
A julgar por hoje, está tendo Copa.
No jogo de abertura, o Brasil venceu a Croácia
por três a zero.
Amanhã, deve haver México e Camarões, e Espanha
e Holanda.
Nós e a Copa do Mundo de Futebol.
A primeira copa de que me lembro é a de 1974.
Realizada na Alemanha Ocidental. Na época a Alemanha estava dividida
em duas, a ocidental capitalista e a oriental comunista. Eu era
criança, não me lembro de quase nenhum lance, exceto talvez de um
gol estranho de Valdomiro, então ponteiro direito do Internacional
de Porto Alegre e da seleção brasileira, contra o Zaire, hoje
República Democrática do Congo. E lembro vagamente de uma goleada
da Iugoslávia contra o mesmo Zaire, tipo oito ou nove a zero. E o
Brasil perdeu a semifinal para a Holanda por dois a zero. E perdeu o
terceiro lugar para a Polônia, acho que por um a zero.
Depois houve a Copa de 1978 na Argentina. Ainda
criança, embora quatro anos mais velho, aquela foi a Copa em que o
Brasil empatou com a Argentina, a dona da casa, venceu a Polônia e
esperava que a Argentina não vencesse o Peru por diferença maior
que três gols. A Argentina venceu o Peru por seis a zero, num jogo
que entrou para a história de polêmicas das Copas do Mundo. Isso
impediu o Brasil de ir à final. E o Brasil venceu a Itália na
disputa pelo terceiro lugar.
Em 1982, na Espanha, parecia que o Brasil
repetiria a façanha da equipe de 1970, de vencer com um futebol
espetacular, apesar de eu achar que pouca gente confiava em nosso
goleiro titular, o Valdir Peres. Não deu. Com três gols de Paolo
Rossi, a Itália desclassificou o Brasil.
Em 1986, no México, a equipe brasileira parecia
um remendo da seleção da copa anterior. E foi desclassificada pela
França, após Zico perder um pênalti na prorrogação.
Em 1990, na Itália, perdemos para a Argentina.
Nova frustração.
Em 1994, nos Estados Unidos, finalmente o Brasil
voltou a ser campeão. Pelos pés de Romário e Bebeto. E com muito
sofrimento. Vencendo a final contra a Itália nos pênaltis.
Em 1998, após uma semifinal espetacular contra a
Holanda, o Brasil iria enfrentar a França, a dona da casa, na final.
Depois do jogo contra a Holanda, a equipe da França parecia menos
difícil. Mas não foi. Uma até hoje mal explicada convulsão de
Ronaldo, e o Brasil levou três gols da França. Perdemos.
Vice-campeões.
Em 2002, Copa do Mundo no Japão e na Coreia do
Sul, depois de Turquia, China e outros, e depois Turquia de novo, o
Brasil chegou à final com a Alemanha. Brasil dois, Alemanha zero, e
Brasil campeão novamente.
em 2006, com a Copa na Alemanha, o Brasil caiu
novamente diante da França.
E em 2010, na África do Sul, perdemos para a
Holanda, numa partida em que o Brasil vencia no primeiro tempo,
aparentemente com facilidade. Tomamos virada, e a seleção
brasileira voltou para casa.
Ou seja, desde que me conheço por gente, eu estou
torcendo pelo Brasil durante as Copas do Mundo.
E vejo a maioria das pessoas ao meu redor, em
Porto Alegre, no Brasil, torcendo pelo Brasil.
Curiosamente agora que a Copa do Mundo de Futebol,
que normalmente tanto gostamos, é realizada no Brasil, parece que
vejo mais resistência no pessoal em torcer pelo Brasil.
Há todo um clima para isso.
Se gastou um monte de dinheiro para reformar
alguns estádios e erguer outros do nada. Então se acha que se
desviou muito dinheiro nessas construções.
Havia uma promessa de uma série de obras para
melhorar a infraestrutura das cidades que abrigariam as partidas da
Copa do Mundo no Brasil, e muitas dessas obras não foram concluídas
a tempo.
E há a grande imprensa, que diz que fiscaliza o
governo, mas na prática é oposição ao governo atual. Ler "Folha
de São Paulo", ou a revista "Veja", ou o jornal "O
Globo", ou a revista "Época" era saber que havia a
suspeita de desvio de verbas, de licitação dirigida, de fracasso em
obras, e assim por diante. Havia e há tudo isso. Mas há coisas além
disso.
Os estádios ficaram prontos, ou, pelo menos
utilizáveis, e eles são muito mais confortáveis que as velhas
arquibancadas de concreto que eram o nosso padrão anterior. A
maioria do dinheiro para a construção dos estádios é
financiamento do BNDES e deve voltar para o banco no decorrer do
tempo. Parte das obras de infraestrutura ficou pronta, e as demais
devem ser concluídas também no decorrer do tempo.
E bom, aí me resta invocar José Simão, em sua
coluna
hoje, "E vamos torcer. TODO MUNDO! Não é a Dilma que vai
jogar, é o Brasil! Não é Dilma X Croácia! Rarará!"
É isso. Já soube de uma área de uma empresa em
que os sei lá, dez funcionários disseram que NÃO iam torcer pelo
Brasil. Mas na copa passada torceram. Agora que a Copa é aqui,
preferiram bancar os durões. Como se isso fosse resolver os
problemas do país. Como se o futebol não fosse apenas um jogo. Um
jogo multimilionário, mas ainda apenas um jogo.
E torcer é basicamente uma maneira de brincar, um
motivo para beber, gritar e extravasar sentimentos. Não é uma
questão de vida ou morte.
Li em algum lugar que o Brasil gastou oito bilhões
de reais com os estádios. Boa parte disse retornará aos cofres
públicos com o pagamento dos financiamentos.
Alguém já soube que em Berlim, a Alemanha gastou
oito bilhões de euros com a construção de um aeroporto, o
aeroporto ainda não foi concluído, e o cronograma de obras está
atrasado em mais de dois anos? Oito bilhões de euros é o triplo do
que o Brasil gastou com os estádios. Uma coisa não justifica a
outra? Não. Mas mostra que mesmo os prodigiosos alemães também
erram em obras públicas.
E hoje, na Arena do Corinthians, a presidente do
país foi xingada. São estranhos esses paulistas que estavam no
estádio. Será que os pais ou os avós deles estavam no Morumbi
quando o general-presidente Emílio Garrastazu Médici foi aplaudido
por lá? E Paulo Maluf costuma ser xingado nos estádios paulistas?
Pois é. É tempo de Copa do Mundo no Brasil.
Vou tentar aproveitar. É improvável que no
decorrer da minha vida haja outra oportunidade da Copa do Mundo estar
sendo realizada tão perto da minha casa.
12/06/2014.
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