Diário - leituras - Os Prêmios, de Júlio Cortázar


Diário - leituras - Os Prêmios, de Júlio Cortázar



“Os Prêmios” é um romance de Júlio Cortázar, em que o autor franco-argentino narra a história de um grupo de cidadãos buenairenses que são sorteados em um concurso, e ganham o direito a um cruzeiro, uma viagem de navio, sem saber o destino.


Dentre os personagens, não muito bem definidos, um jovem adolescente acompanhado por sua família suburbana, um casal que ainda não havia se casado formalmente (um pequeno escândalo para a sociedade argentina da época - o livro foi publicado originalmente em 1969), uma mulher divorciada com seu filho pré-adolescente, um casal formado por um homossexual e uma mulher liberada sexualmente, dois professores da escola em que estuda o adolescente, um mais velho e viúvo, o outro jovem e solteiro. Enfim um grupo relativamente variado, formado por pessoas de classe média e remediados da cidade de Buenos Aires.


A história se inicia em um bar, o “London”, onde essas pessoas devem se reunir à espera das autoridades encarregadas da entrega dos tais prêmios. Após todos estarem reunidos, chega um oficial do governo e leva os premiados e seus acompanhantes para o porto, onde eles deverão embarcar.


Tudo é cercado de tensões. O oficial não é claro em seus propósitos. O navio em que os premiados devem viajar não é definido. Mesmo após todos serem embarcados em certo navio, de uso misto, para carga e passageiros, o destino do passeio não é certo. Talvez o Japão, mas talvez não passem de Ushuaia, no extremo sul da América do Sul. De quebra, ainda há uma série de restrições sobre a possibilidade de circulação dos passageiros dentro da embarcação, o que gera uma série de conflitos, que irão se avolumando no decorrer da história, até que a situação se torne insustentável.


Nas interações entre as pessoas, as personagens vão se mostrando. O desajuste de uma, a solidão de outra, as máscaras, as indefinições, enfim, o autor vai explorando as possibilidades das personagens.


É um livro razoável. Diferente de "O Jogo da Amarelinha", seu romance mais conhecido, “Os Prêmios” é caracterizado por sua linearidade. É também anterior a "O Jogo da Amarelinha".


Uma curiosidade é que o livro, ou esta edição que li, possui uma nota, que fica como um posfácio, onde o autor comenta algo da obra escrita. O que nos leva a um mundo em que viagens transatlânticas de navio eram, digamos assim, comuns, e tais navios transatlânticos de passageiros tinham sua primeira, segunda e terceira classe de acomodações. Deve ter sido nestas viagens que o autor se inspirou para criar esta obra.


CORTÁZAR, Júlio. Os Prêmios. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.


18-06-2014

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