O logro do taxista


O logro do taxista




Eu já ouvira falar do golpe, por meio de jornais, normalmente acontecendo com turistas brasileiros em Buenos Aires. Consiste no seguinte: pega-se o táxi e se vai a um destino qualquer. Terminada a corrida, o taxista informa o valor da corrida e o passageiro paga com uma nota de cem pesos. O motorista manipula a nota rapidamente e devolve a nota ao passageiro, alegando que a nota é falsa. O passageiro constrangido, e pego desprevenido, pega a tal nota falsa, e paga o taxista com outra nota. O golpe consiste em o taxista rapidamente, e sem o passageiro perceber, trocar a nota recebida do passageiro por dinheiro falso que o próprio taxista estava distribuindo. Ele ganha duas vezes. Os cem pesos autênticos do passageiro, mais o valor da corrida, que o passageiro constrangido paga.


Pois me aconteceu um caso parecido. E aqui em Porto Alegre.


Eu costumo fazer compras no Shopping Bourbon Wallig, e pegar táxi para ir para casa. Uma corrida não muito longa, que costuma custar menos de dez reais. Nesta sexta-feira, fiz compras no supermercado, e, como de costume, peguei o táxi. O que fica à disposição na fila.

Feita a rápida corrida, peguei o dinheiro na carteira, dez reais, e entreguei ao taxista, mas não fiquei prestando atenção a ele, preocupado que estava com as compras.


Em alguns segundos ele reclamou: “Mas esta aqui é uma nota de dois reais!”. Pego desprevenido, constrangido, eu peguei a nota de volta, dois reais, e fui procurar a nota de dez reais que devia estar na minha carteira ainda. Eu tinha dez reais. Havia pego no caixa eletrônico no banco no intervalo de almoço. Mas não havia dez reais na minha carteira. Juntei os trocados que havia na minha carteira, nove reais, uma nota de cinco e duas de dois, ainda juntei a tal nota de dois reais que ele dissera que eu entregara a ele como dez reais, e dei a título de gorjeta. Aparentemente ele ficou contente.


Eu peguei as compras e entrei em casa com elas. E aí a ficha começou a cair. Pensei com os meus botões: “Mas espera aí. Eu tinha dez reais. Como eles sumiram?”, e me lembrei sobre o tipo de golpe a respeito do qual li, e relatei acima. Sim, provavelmente eu dera os dez reais, e o taxista percebeu que eu não estava prestando atenção, trocou as notas e alegou o dinheiro insuficiente. Recebeu duas vezes pela corrida. Fui logrado.


O problema nem é o dinheiro em si. Dez reais a mais não vão me fazer tanta falta, nem o taxista vai enriquecer por conta disso. O problema é ser feito de bobo, de otário.


E não há como provar, nem reclamar. Não vi o prefixo, não anotei a placa, nem percebi o modelo do automóvel. Só vi que era um Fiat. Podia ser um modelo siena, ou um grand siena, entre tantos modelos parecidos que estão na praça em Porto Alegre.


Felizmente não vi o nome do taxista. Espero nunca mais encontrá-lo entre os talvez dez mil motoristas de táxi de Porto Alegre.


Felizmente já andei centenas de vezes de táxi e este é apenas o segundo incidente desagradável. O outro foi um rapaz metido a esperto que ficou inventando voltinhas para aumentar a corrida e rodar o taxímetro, o que fez uma corrida ficar uns 20% mais cara do que eu costumava pagar para aquele trajeto, faz algum tempo.




De qualquer modo, fica a dica: tenho que prestar mais atenção no dinheiro que entrego ao taxista ao final da corrida.




01/08/2014.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poemas de Abbas Kiarostami na Piauí de Junho/2018

Sessão de Autógrafos - A Voz dos Novos Tempos

Feliz aniversário, Avelina!