Sobre o atentado contra “Charlie Hebdo”


Sobre o atentado contra “Charlie Hebdo”



O atentado perpetrado ontem (07/01/2014) contra o periódico francês "Charlie Hebdo" é em tudo lastimável.


Nele foram perdidas pelo menos doze vidas, incluídos dois policiais que estavam lá justamente para proteger a publicação de atentados, uma vez que um atentado a bomba já ocorrera há poucos anos.


Eu não costumo achar graça de piadas que venham a caçoar da religião, mas não é por isso que eu vou matar quem discorde de mim.


A minha reação pode ser de desprezo ou de indiferença, mas de maneira nenhuma eu iria apelar para a violência física para demonstrar minha discordância o humor de quem quer que seja.


Pode-se dizer que "Charlie Hebdo" era radical em seu humor. Mas eles eram ecumênicos em seu sarcasmo. Avacalhavam de Jesus a Maomé, de comunistas a nazistas, passando pelas personalides políticas da França.


E aí é que está. Imagine o que seria do mundo se todos resolvessem resolver suas mágoas, grandes ou pequenas, à bala? Que tipo de mundo nós teríamos?


Não costumo gostar de piadas anticlericais, assim como não gosto de piadas racistas. Tenho achado lamentáveis muitas das piadas de Danilo Gentili, que se acha humorista. Mas não é por isso que vou me dar o direito de agredi-lo, pelo menos não fisicamente.


Os editores da "Charlie Hebdo" eram radicais em seu humor, mas a lei francesa lhes permitia isso. Como li que um deles havia dito tempos atrás: ele vivia sob a lei francesa, e não sob a sharia, ele podia praticar seu humor radical.


Por outro lado, os fanáticos que perpetraram esse atentado alimentam toda a xenofobia que existe na Europa, e que não é pouca. Há centenas de milhões de muçulmanos no mundo, e relativamente poucos entre eles podem ser chamados de radicais, fanaticos e intolerantes.


Por sinal, um dos policiais mortos no ataque era muçulmano, Ahmed Merabet. Tinha 42 anos e deixa viúva e um filho.


Esse atentado realmente fica, em relação às liberdades de expressão e imprensa, uma marca semelhante aos atentados de 11 de setembro de 2001, contra o World Trade Center. Ainda mais que foi divulgado na internet um vídeo que mostra os terroristas executando com um tiro na cabeça um dos dois policiais mortos na ação.


E um grupo de cartunistas e jornalistas anárquicos e debochados foi alçado ao posto de heróis e mártires da liberdade de expressão. Justamente o que me parece que eles não gostariam de ser, com base na iconoclastia publicada por eles.


Um atentado em tudo lastimável.


08/01/2015.

Comentários

  1. Oi, Zé Alfredo!
    Esses terroristas não trabalham à mando de Deus, pois sabemos que tirar a vida do outro ou mesmo a nossa é contrário os preceitos de Deus. Isso que eles fazem é usar a religião para justificar suas barbaries.
    O respeito é uma via de mão dupla. O humor francês é ácido e eu que não sou muçulmana, acho demais! Mas quem sou eu... Eles estavam atiçando o fogo com o pavio curto.
    Se estavam "protegidos", isso é muito relativo para terroristas. Eles brigam entre si por pouco coisa.
    Não gosto de piadas que ofendem e ofender não é liberdade de expressão. Não vou defender os cartunistas por serem famosos e franceses, assim como não vou defender o ato terrorista por partir de extremistas, mas vejo nessa história alguns fatos amadores. Quer dizer que eu vou realizer um ato violento e levo uma identidade de identificação?
    Também tem o fato do presidente da França estar em uma situação delicada com a publicação do livro de usa ex-mulher narrando toda a sua intimidade - o que poderia extremecer o conquistador politicamente - Daí acontece algo que o coloca em evidência e o povo francês esquece o lançamento do livro para bater palmas para os discursos nacionalistas.
    Ele não poderia ser tão sordido... mas em terra de cego...
    Estou esperando pela facção terrorista que oficialmente assumirá tal ato. Também estou achando coincidência demais o mesmo grupo do ataques as torres gêmeas.
    Enfim... conjecturas!
    Beijus,

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  2. Uma complicação digitar pelo celular... Me descupe!

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