Para não esquecer Eduardo Fösch dos Santos


Para não esquecer Eduardo Fösch dos Santos





Hoje estive em uma manifestação em frente à Assembleia Legislativa, aqui do Rio Grande do Sul.


Era mais uma manifestação para manter viva a memória de Eduardo Vinicius Fösch dos Santos, um jovem, filho de pai negro e mãe branca, mulato portanto, de tez negra, negro portanto, falecido muito prematuramente após uma festa em um condomínio chique na zona sul de Porto Alegre. Voltaremos a isso.





A manifestação reuniu amigos de Dudu, como ele era carinhosamente lembrado, mais parentes e amigos dos pais. Cerca de 100 pessoas.


A manifestação foi marcada para aquele local, pois a família iria entregar à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos um pedido para acompanhar o inquérito que apura responsabilidades pela morte do rapaz.


A manifestação estrangulou o trânsito na Rua Duque de Caxias. Uma faixa denunciava o caso de um menor de idade ter sido assassinado num condomínio de alto padrão na zona sul da cidade.


E os manifestante pediam em coro, "Justiça prá Dudu" e "Queremos a verdade, não à impunidade".


De fato, o pedido foi entregue ao Deputado Catarina Paladini, Presidente da Comissão, um pouco antes das nove da manhã, com o que, nós, os manifestantes, nos dispersamos. Eu soube depois que cópias dos pedidos foram entregues aos deputados Pedro Ruas e Manuela D'Avila.


Na noite de 27 de abril de 2013, Eduardo Vinicius Fösch dos Santos foi com amigos a uma festa no condomínio Jardim do Sol, na zona sul de Porto Alegre. Rapaz inteligente, comunicativo e carismático, calhou de ser o único adolescente com pele negra, entre cerca de 150 outros jovens de classe média e média alta naquela festa.


No dia seguinte, na manhã de domingo, a vizinha da casa onde a festa foi realizada encontrou o jovem desacordado em seu pátio. Chamou o Serviço Assistência Médica de Urgência, o Samu, e teve a perspicácia de registrar o incidente com fotos, e o atendimento médico em vídeo.


Após nove dias internado na UTI do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, ele veio a falecer em 06 de maio de 2013.

Três delegados de polícia investigaram o caso, e chegaram à conclusão que Eduardo foi vítima de um acidente, e não apontaram responsabilidades.


Já um perito aposentado, contratado pela família, Celso Menezes Danckwardt, emitiu um laudo em que constatou lesões nas mãos, possivelmente decorrentes de envolvimento em luta corporal, sinais de chute no tórax, e marcas de uma pancada na cabeça produzida por objeto contundente. A partir deste laudo, o caso passou para o Ministério Público Estadual em junho de 2014. O Ministério Público pediu novas averiguações à polícia, e vem conduzindo sua própria investigação através de promotoras.


Mas a apuração parece lenta, motivo pelo qual, a família foi relatar o caso à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.


Veremos o que acontecerá nos próximos dias. Aguardemos que as autoridades possam esclarecer o que cerca a morte de um rapaz que se foi cedo demais.


Repetindo um chavão, Eduardo tinha toda uma vida pela frente...


Para saber mais:


- No Sul21: Família e amigos buscam esclarecimento sobre morte de jovem negro após festa em condomínio de luxo em Porto Alegre - http://www.sul21.com.br/jornal/familia-e-amigos-buscam-esclarecimento-sobre-morte-de-jovem-negro-apos-festa-em-condominio-de-luxo-em-porto-alegre/


- Em Zero Hora: Família quer reabrir investigação sobre morte de adolescente durante festa na Capital - http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/05/familia-quer-reabrir-investigacao-sobre-morte-de-adolescente-durante-festa-na-capital-4509780.html




- No Otramérica (em espanhol): ¿Por qué murió Eduardo Fösch? - http://otramerica.com/temas/por-murio-eduardo-foesch/3303


A foto de Eduardo Fösch é do acervo familiar, reprodução de foto para o ensino médio.
A foto da manifestação foi tirada pelo blogueiro.

Correção: Havia sido escrito aqui que o condomínio onde ocorreu o inicidente se chamava Chapéu do Sol. É condomínio Jardim do Sol. A correção foi feita.

15/04/2015.

Comentários

  1. Oi, Zé Alfredo!
    Estava no youtube assistindo os vídeos que ele lá postou antes de falecer e depois as homenagens que fizeram, assim como algumas homenagens individuais. Ele era um menino bastante querido e popular! Acho que somente esse fato gera uma certa animosidade entre os garotos da mesma idade, mas não podemos sem provas apontar erros na averiguação dos fatos. A reabertura é válida quando existiem novos fatos substanciais para mudar o laudo inicial. A família tinha o direito de pedir contraprova, indicando o perito.
    Fato é que a família e amigos jamais aceitarão a morte prematura de uma pessoa querida em tais circustância.
    Espero que se houver culpados que eles sejam encontrados e punidos.

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    Respostas
    1. Pois é.
      Para comentar mais sobre isso, só por emeio privado mesmo.
      Obrigado pela visita, e pelo comentário.
      Abraço.

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