O Guaíba se movimenta


O Guaíba se movimenta


O Guaíba é o nosso rio, o rio que banha Porto Alegre. Chamo rio porque sentimentalmente ele me continua sendo um rio. Sei que nos últimos quarenta anos ele foi de rio a estuário, e de estuário a lago. Mas para alguns de nós, porto-alegrenses de certa idade, ele será sempre um rio, mesmo que isso seja inexato geograficamente. Tanto que o Werner Schunemann o chamou de "Lago Rio Guaíba" no programa do Jô.


Gostamos de acreditar que o Guaíba nos proporciona o mais belo pôr do sol do mundo.

Como ouvi um dos componentes do Madredeus falar do Tejo em um filme, o Guaíba é nossa herança.


Me banhei no Guaíba na minha mais tenra infância. Ainda não havia ciência da poluição do rio. Depois novamente na adolescência, inconsequência da idade, óbvio.


E hoje em dia, penso que tenho uma visão privilegiada do rio, quase diariamente. Trabalho num prédio, de onde posso vê-lo.


O Guaíba é uma imensidão de água, sacia a sede da cidade.


E eu sempre me preocupei com os momentos de estiagem. Com certa frequência, os momentos de estiagem acontecem no verão. Não por medo de falta de água. A pior consequência da estiagem tem sido a proliferação de algas, que geram sabor ruim na água distribuída à população.


Depois de um inverno especialmente chuvoso, e com uma primavera também úmida, vejo o rio subir.


Nas últimas semanas, o rio inundou a prainha do Gasômetro, e cobriu boa parte do aterro antes do dique entre o Gasômetro e o estádio Beira-Rio.


As águas estiveram a ponto de transbordar o cais Mauá, e as comportas que compõem o muro que protege a cidade de inundações esteve fechado. Foram relembrados os episódios das enchentes de 1941 e 1967, e a função do muro.


A enchente de 1941 é mítica. Gerou livros. Mas pouca gente que a testemunhou está viva hoje para lembrar como foi.


Já a de 1967 é mais recente, pouco citada, mas o grupo RBS resgatou imagens da época. As fotos são bastante assustadoras. A cidade passou um belo apuro naqueles dias.


E aqui estamos. Dizem que a enchente destes dias é maior que a de 1967. Mas não estamos sofrendo por causa do sistema de proteção, concluído no início dos anos 1970.

Menos mal.


O rio continua aí. De repente, quase sem percebermos, ele vem e nos assusta.



16/10/2015.

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