Malala



Malala



Malala ("He Named Malala") é um documentário com produção dos Estados Unidos e dos Emirados Árabes Unidos, que aborda a vida da adolescente Malala Yousafzai, que era uma ativista da educação de meninas em seu Paquistão natal, e que por isso acabou sofrendo um atentado, quase fatal. Contudo, aparentemente ao contrário do que desejavam seus algozes, ela acabou por receber reconhecimento mundial. O filme coloca em contexto tanto a vida de Malala, quanto o Talibã no noroeste do Paquistão, no Vale do Swat, terra natal de Malala.

O início, com uma animação, fala de Malalai, uma adolescente que teria encorajado os afegãos contra os invasores ingleses. Tendo participado da Segunda Guerra Anglo-Afegã, Malalai é uma heroína no Afeganistão, e também entre a etnia pashtu paquistanesa. Malala Yousafzai recebeu seu nome em homenagem a essa antiga heroína afegã.

Após essa espécie de prólogo, o filme fala de sua vida atual na Inglaterra, e seu ativismo, para relembrar sua infância no Vale do Swat, onde fala das cores e dos aromas, sentindo inclusive falta das ruas de chão batido (como pode alguém sentir falta das ruas de chão batido? Me lembro de minha mãe quando morávamos em uma rua de chão batido na Vila Bom Jesus: era respirar pó e cuspir tijolo, dizia ela).

A partir da descrição do Vale do Swat, o filme mostra a infiltração do Talibã na região, com transmissões de rádio, pregando visões estritas do islamismo, e que foi crescendo em poder político e militar à medida em que foi se tornando mais popular. Chegou ao ponto da proibição do consumo de cinema e música ocidentais, e da explosão de escolas para meninas.

Nesse contexto, Malala se tornou uma espécie de correspondente da BBC no Vale do Swat, relatando a situação sob o reinado de fato do Talibã Paquistanês, e comentando sobre ser uma menina, e estudar sob aquelas circunstâncias.

E o filme narra algo sobre o atentado de que ela foi vítima por conta de seu ativismo. Seu ônibus escolar foi parado, e os milicianos perguntaram quem era Malala, que acabou se apresentando. Ela levou um tiro que estilhaçou parte do seu crânio, a deixou surda de seu ouvido esquerdo, e paralisou o lado esquerdo do seu rosto. Os fragmentos de osso do crânio afetaram seu cérebro, que inchou. Ela esteve entre a vida e a morte. Teve uma lenta recuperação, que contou com a ajuda de fisioterapeutas e fonoaudiólogos.

A fama mundial tornou Malala Yousafzai ainda mais ativista do direito à educação para meninas. No filme, ela é vista visitando a Nigéria, onde mais de 200 meninas foram sequestradas em 2014; o Quênia, e a Jordânia, num campo de refugiados da Guerra Civil Síria.

Um número: o filme declara que mais de 60 milhões de meninas estão deixando de receber educação formal, principalmente por conta de conflitos civis, como são os casos, das já citadas Síria e Nigéria, e também na Líbia, ou nessas regiões mais periféricas do Paquistão ou do Afeganistão.

Educação feminina, eis aí um bom motivo de engajamento.


Após a decepção em 2013, Malala foi honrada com o Prêmio Nobel da Paz, em 2014.


28/11/2015 - Crônica feita durante a Oficina Santa Sede de Primavera, com Rubem Penz.

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