Diário - leituras - Crônica da Selvageria Ocidental


Diário - leituras - Crônica da Selvageria Ocidental



COIMBRA, David. Crônica da Selvageria Ocidental. Porto Alegre: Zero Hora Editora Jornalística, 2002.



Este é um velho livro com textos de David Coimbra (ano de publicação de 2002) recuperado através de um amigo secreto sui generis, em que os participantes deveriam recuperar livros de crônicas em sebos.


Supostamente seria um livro de contos, como indica a capa, mas parece mais um livro de crônicas que parecem contos, numa versão um pouco menos sutil das histórias de Luís Fernando Veríssimo.


São 26 dessas crônicas contos, suplementadas por quatro crônicas relativas à viagem que David Coimbra empreendeu como colaborador da cobertura da Rede Brasil Sul, para a Copa do Mundo de futebol de 2002. Aquela com sede na Coreia do Sul e no Japão, vencida pelo Brasil.


São histórias leves, fáceis de ler. A leitura flui com facilidade. E isso é a força e a fraqueza do livro. A fluência faz com que todo leitor avance pela obra, e dê algumas eventuais risadas, com as histórias de David Coimbra. Por outro lado, tudo é leve, bem humorado, trazendo pouco questionamento, ou choque, ou reflexão ao leitor. Há pouca surpresa nos desfechos.


Então temos essas histórias com os personagens lúbricos, sempre às voltas com seus desejos sexuais, em geral mal resolvidos. O que não é de admirar, quem se sente resolvido com o seu desejo?


O problema é que a temática se torna repetitiva, com homens em busca da próxima mulher, e mulheres em busca do próximo homem, se bem que as mulheres têm por função reprimir ou disfarçar o desejo. Os títulos das crônicas já indicam a que vêm: "O pecado em Torres", "Ela e todo o time de basquete", "A Devoradora de Homens", "O cheirador de calcinhas" são alguns desses títulos.


Resultam histórias leves, mas que acabam caindo no clichê, "O pecado em Torres", sobre uma professora em férias no balneário do título, que, caindo na conversa de uma amiga, hesita sobre trair o marido, e arriscar um casamento feliz, é puro clichê. As histórias de "Ela e todo o time de basquete" e "A repórter esportiva" são extremamente parecidas. Quase cópias.


Assim, entre as 26 crônicas se destacam "O vizinho da Bianca", uma história de sedução e voyeurismo, "Ombro", sobre um homem que se sente irrefreavelmente atraído pelo ombro exposto de uma colega de trabalho (que lembra ainda mais Luís Fernando Veríssimo), e "As loiras da Sogipa", sobre um grupo de rapazes da Vila do IAPI que ia tentar a sorte nos bailes da Sogipa, com as loiras do títulos, que acrescenta um tempero de memorialística à crônica. As demais caem na vala comum dos personagens lúbricos, sempre às voltas com seus desejos sexuais.


O leitor lê uma história, lê duas, lê três, e começa a ficar farto. Talvez umas dez dessas histórias fossem suficientes, mas quem compraria um livro de 25 ou 30 páginas?


Por fim, temos as quatro crônicas da viagem para a Copa. Nenhuma aborda a Copa do Mundo em si, apenas a viagem para o Extremo Oriente. Nada que se destaque. Apenas vale informar que "A Crônica da Selvageria Ocidental" que dá nome ao livro, é a última do livro, e fala sobre o planejamento e a execução da equipe da RBS, para entrar com malas e equipamentos no trem bala, nos dois minutos que o trem-bala para na estação para embarque e desembarque de passageiros.


Um livro leve, para se ler nas férias, de preferência na areia da praia.



19/01/2016.

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