Nuvens sobre Porto Alegre


Nuvens sobre Porto Alegre



Porto Alegre faz parte do Brasil, mas Porto Alegre não é o Brasil. Porto Alegre é apenas a capital do Rio Grande do Sul, um dos últimos territórios a ser incorporado ao Império Colonial Português na América.


Dito isso, o clima de Porto Alegre pareceu uma ilustração do ambiente climático, político e social do Brasil nessa troca de ano, de 2015 para 2016. 31 de dezembro de 2015 foi nublado em Porto Alegre. 1º de janeiro de 2016 também. Em 31 de dezembro, inclusive tivemos as nossas chuvas esparsas, que costumam dar as caras no verão portoalegrense.

Sim, pois em 2015 tivemos radicalização política, com a oposição querendo um terceiro turno da eleição de 2014, passeatas pedindo "golpe constitucional" via impeachment, ou simples intervenção militar, em qualquer caso, uma ruptura do processo que vinha ocorrendo desde 1989, com a eleição de Collor.


Também tivemos uma tremenda retração econômica, como se a tal marolinha de 2009, batesse com vontade, como um tsunami prostrando a economia, neste 2015 que se acabou. Em parte, isso veio por um ajuste econômico, para tentar adequar as finanças governamentais aos sinais que a economia já vinha dando desde o final de 2014. Por outro lado, estamos tendo a interminável Operação Lava Jato, que reduziu a atividade econômica de uma das principais companhias brasileiras, a Petrobrás, e fez com que as principais empreiteiras do país se retraíssem.


A economia do Rio Grande do Sul não passou incólume pela crise da economia federal. As dificuldades do tesouro do Rio Grande do Sul que se arrastam há uns trinta anos, aumentaram, ou pelo menos foi o que informou a Governador ao parcelar salários. Com o parcelamento de salários, houve um repentino aumento da sensação de insegurança no estado, principalmente em Porto Alegre mesmo, com queima de veículos de transporte público, aumento de assaltos e de arrastões, no centro da cidade.


Enfim, 2015 foi um ano horrível para a economia, e os especialistas preconizam que 2016 será outro ano horrível.


O último dia de dezembro (de 2015) foi nublado, e com chuva. O primeiro dia de janeiro (de 2016) foi nublado. Como poucas vezes, as palavras do Humberto Gessinger foram tão verdadeiras: “o último dia de dezembro e sempre igual ao primeiro de janeiro”.

03/01/2016.

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