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Mostrando postagens de dezembro, 2016

Dezembro um mês comum, coisa de um ano incomum

Dezembro um mês comum, coisa de um ano incomum   O mês de dezembro é normalmente picotado por dois feriados, e semi-feriados, na sua segunda quinzena. Um é a celebração do Natal, o outro é o Final de Ano. Claro que isso vale para os países que contam o tempo pelo calendário cristão, como o Brasil, ou seja, a maioria de nós está celebrando o nascimento de Jesus Cristo, e comemorando o final do ano 2011 após o nascimento de Jesus. Embora a exatidão dos dias possa ser contestada, como, por exemplo, não existiu um ano zero, ou Jesus de fato teria nascido uns 4 ou 5 anos antes do que é normalmente contado, normalmente contamos que agora esteja terminando o ano 2011 da chamada era cristã. E dias atrás celebramos o nascimento de Jesus. Casualmente este ano, vi na Internet um gaiato que se professa ateu desejar “Feliz Dia do Sol Invicto para você também”. O Sol Invicto era a crença professada pelo Imperador Constantino, imperador do Império Romano entre 306 e 337, que foi talvez o principal

Diário - leituras - Cobras na Cabeça

Diário - leituras - Cobras na Cabeça "Cobras na Cabeça" é um livro onde Rubem Penz convoca seus "cobras" (o trocadilho é inescapável), para organizar um novo livro de crônicas, comemorando os quarenta anos do surgimento das personagens das cobras (obviamente) de Luís Fernando Veríssimo. Nesse caso, uma tirinha iniciava um capítulo e era a base para seis crônicas. 18 autores escreveram 72 crônicas para este livro. Vamos aos meus destaques. "Autobiografia Anônima", de Giancarlos Carvalho Borges, tem um título auto-explicativo, e uma ironia que combina com Luís Fernando Veríssimo. "Hum...", de José Elias Flores Jr., sobre um casal discutindo a relação é quase uma comédia da vida privada do LFV. "...", de Camila Leão, sobre uma menina que tem dificuldades no relacionamento com o pai, é um ótimo conto, arrolado como crônica. "Um Copo que Cai", de Tiago Pedroso, é uma bela e fabulosa crônica em que os utensílios da

Diário - leituras - Leituras na Piauí, novembro de 2016

Diário - leituras - Leituras na Piauí, novembro de 2016 A revista Piauí de novembro de 2016 trouxe alguns textos bem interessantes: mais um excerto de livro da escritora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch; o diário da convivência de uma mãe argentina com seu filho radicado no Japão; uma reportagem perfil da filósofa estadunidense Martha Nussbaum; um perfil literário do escritor V. S. Naipaul; e um texto da escritora Ana Cássia Rebelo, também excerto de um livro sendo publicado, no caso, "Ana de Amsterdã". Com dois excertos de livros, é possível parabenizar a revista como veículo de publicidade. Acho que para contrabalançar, a revista publica reportagem de Júlia Dualibi sobre a advogada Janaína Paschoal. Coisa que não consegui ler. O texto de Aleksiévitch é mais uma vez muito interessante. "O Fim do Homem Soviético" repete a fórmula dos livros anteriores da escritora bielorrussa publicados por aqui, "Vozes de Chernobil" e "A Guerra não tem

Um inventário pessoal da 62a Feira do Livro de Porto Alegre

Um inventário pessoal da 62a Feira do Livro de Porto Alegre A Feira do Livro de Porto Alegre é um tema recorrente para mim. Desde que me tornei blogueiro sempre procuro falar algo a respeito desta feira de livros que acontece no início de novembro de cada ano. A feira de 2016, a 62ª edição, teve um tamanho reduzido em relação a anos anteriores. Por exemplo, o espaço em frente ao antigo cinema Imperial não foi ocupado por conta das obras para o Centro Cultural da Caixa que estão sendo realizadas ali. A área internacional contou com apenas quatro estantes que ficaram armadas dentro do Memorial do Rio Grande do Sul, o antigo prédio dos Correios. Além dessas estantes, também dentro do Memorial ficou a representação da região homenageada nesta edição da Feira, o arquipélago de Açores. Este ano, a Feira homenageou uma região em lugar de um país, como vinha sendo feito. Açores é uma "região autônoma" da República Portuguesa, e está bastante ligada por laços históricos à cid

Encontro na Livraria

Encontro na Livraria - E aí? Como te sentes? O homem levantou os olhos da mesa junto a qual estava sentado, e olhou para o seu interlocutor. Sorriu. Havia uma razoável fila atrás desse interlocutor, na livraria. Início de uma noite de quinta-feira. De fato, ali estavam parentes, amigos, velhos colegas de faculdade, alguns curiosos que haviam visto uma notinha num dos jornais locais, e, óbvio, os colegas de criação literária. - Bem. - Ele respondeu. - Na verdade, muito bem. - É. Eu imaginei... Disse o interlocutor, oferecendo um livro. - Podes assinar o meu? - É claro. - Ele falou com um sorriso que parecia já não caber nos lábios. - Parabéns, Vellinho! A gente nunca sabe como as coisas serão quando elas se apresentam. Mas acompanhando a tua escrita desde lá, foi possível ver o talento suingado, sempre com um humor sutil nas tuas crônicas. Tu realmente tiveste teus momentos de Luis Fernando Veríssimo. Bom, na verdade, um sub-Luís Fernando Veríssimo, mas isso é um tremen

Diário - leituras - Terra Negra

Diário - leituras - Terra Negra "Terra Negra" é um livro que é, como diz o subtítulo, "uma viagem pela Rússia pós-comunista". De fato, o autor narra em longa reportagem, uma viagem aos quatro cantos da Rússia pós-soviética. Começa falando de Moscou, a capital. O novo capitalismo, surgido do desmonte da antiga União Soviética. Fala do gangsterismo que ainda existia quando ele estava por lá, no final dos anos 1990. Fala dos riscos que corriam os jornalistas independentes. Depois vai para o sul, para fazer uma reportagem sobre como estaria a Tchechênia, após anos de guerra, e intervenção russa. Como a região foi arrasada, e como isso influenciou mesmo a reorganização das forças armadas russas para intervir ali. O retrato que ficou é de uma devastação, e uma situação que sempre pode ficar pior. Depois vai para o norte. Sobe um rio num barco com passageiros, em direção a uma zona mineração russa na região do Ártico. Norilski é uma cidade de referência. A

Diário - cinema - A Chegada

Diário - cinema - A Chegada "A Chegada" ("The Arrival", Estados Unidos, 2016) é um filme de ficção científica, em que uma linguista, Louise Banks (Amy Adams), é convocada pelo exército americano para tentar entender o propósito de alienígenas que chegaram à Terra repentinamente, e, aparentemente, sem terem sido previamente detectados. Uma série de naves, que são chamadas de conchas, e que me pareceram como seixos muito bem alisados, estão estacionadas em diversos sítios ao redor do planeta. E as diversas autoridades destes locais também estão em busca de decifrar os propósitos dos extraterrestres. É um bom filme. Há suspense, na ponta da questão que as autoridades querem responder: "o que querem esses alienígenas?". E também no espectador, afinal, os alienígenas são perigosos? Atacarão a humanidades, ou, pelo menos, os cientistas que estão tentando entrar em contato com eles? Há uma certa exposição do trabalho dos linguistas. Parece que bem

Diário - filmes antigos - Ghost in the Shell

Diário - filmes antigos - Ghost in the Shell "Ghost in the Shell", neste caso, é uma animação japonesa, lançada em 1995. É um filme "cult", que teria tido bastante influência em obras de ficção científica sobre sociedades futuristas, distópicas e tecnológicas, inclusive o filme "Matrix". Nesse caso, a agente Motoko Kusanagi, membra da equipe Seção 9 de segurança, está em busca de um hacker chamado "Mestre dos Bonecos" (ou "Puppet Master", se você preferir). Nesta busca, ela vai acabar se confrontando com outros agentes do governo, sem ter em quem confiar. Dentre temas que o filme desenvolve estão, por exemplo, a questão da identidade - o que faz de cada pessoa uma pessoa, cibernética e inteligêância artificial. Era um filme que há muito eu queria ter visto, e agora assisti. Há uma adaptação hollywoodiana que deve ser lançada em 2017, com Scarlett Johanssonn no papel de Motoko. 07/12/2016.

Mário Sérgio (1950-2016)

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Mário Sérgio (1950-2016) . . Além dos jogadores e equipe técnica da Chapecoense, no avião que levava o time para a primeira partida da final da Sulamericana 2016 em Medellín e que caiu na semana passada, havia muitos jornalistas. Entre eles o ex-jogador Mário Sérgio. Ele estava indo cobrir a partida como comentarista do canal Fox Sports. Para mim, Mário Sérgio ficou marcado como um dos principais jogadores da equipe do Internacional que venceu, de maneira invicta, o Campeonato Brasileiro de Futebol de 1979. Naquele ano, ele mostrou todo seu talento. Cheguei a ir à semifinal contra o Palmeiras, e à final contra o Vasco naquele ano. Curiosamente ele acabou jogando no rival Grêmio a final do Mundial Interclubes, quando o clube gaúcho sagrou-se campeão mundial de futebol contra o Hamburgo da Alemanha.   Pelo que andei lendo, como jogador ele teve uma extensa carreira, começando pelo Flamengo, e terminando no Bahia.   E ainda voltou ao Inter de Porto Al

Comoção

Comoção A tragédia da Chapecoense na semana passada foi muito triste. O pior acidente de avião envolvendo uma equipe de futebol profissional.   As manifestações de pesar e apoio em Medellin e em Chapecó foram muito comoventes. Momentos de reflexão para a fragilidade da vida, e para aquilo que pode nos irmanar. 7/12/2016.

Diário - leituras - A Alma Imoral

Diário - leituras - A Alma Imoral "A Alma Imoral" é um livro sobre, bem, sobre a alma. Mas um livro que se afasta um pouco da noção estabelecida de alma do ocidente. Nilton Bonder é um rabino e este texto vai buscar sua inspiração no Velho Testamento, isto é, no Gênesis, e em toda a tradição de sabedoria judaica através dos séculos. Qual é a noção estabelecida de alma no ocidente? A alma como a parte imaterial dos seres humanos, o espírito, o que faz dos seres humanos diferentes dos demais animais que habitam o planeta. Uma parte imaterial, talvez mesmo imortal. Esta noção vem em parte da filosofia grega, com a alma sendo a parte nobre do ser humano, a que veio do mundo ideal, segundo a concepção platônica, e que não está sujeita à corrupção do corpo. Esta ideia foi apropriada pelo Cristianismo, que reforçou a dicotomia entre o espírito bom, e o corpo mau, como fica exemplificado, por exemplo, na Epístola de Paulo aos Gálatas, "Mas, se sois guiados pelo Es